No Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, a Comissão Arquidiocesana da Pastoral Familiar e os Movimentos Familiares, realizaram o Jubileu da Misericórdia da FamÃlia e Abertura da Semana Nacional da FamÃlia 2016, no dia 12 de agosto, Ãs 20 horas, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, em Ribeirão Preto, presidida pelo arcebispo dom Moacir Silva, e a concelebrada por diversos padres e com as presenças de diáconos, seminaristas, religiosas e agentes da Pastoral Familiar e dos Movimentos Familiares.
A celebração começou com a concentração dos agentes da Pastoral Familiar, Movimentos Familiares, representantes das paróquias, padres, diáconos, seminaristas e fiéis na Praça da Catedral. Após a saudação do arcebispo e a leitura de um trecho da Bula de Proclamação do Jubileu, os participantes fizeram a peregrinação e a passagem pela “Porta Santa” da Catedral, e na sequência seguiu-se o rito da missa.
Inspirados no tema da Semana Nacional da FamÃlia “Misericórdia na FamÃlia: dom e missão”, a celebração conduziu os participantes a se envolveram no clima da misericórdia divina em direção à missão da Pastoral Familiar numa “Igreja em SaÃda”.
Na homilia, o arcebispo dom Moacir, refletiu sobre os valores da vida familiar e do matrimônio a partir da experiência do amor de Deus que ao unir homem e mulher revela na unidade do casal um projeto de vida e amor.
No encerramento da concelebração, depois da bênção final, o arcebispo dom Moacir Silva entregou ao casal representante de cada paróquia, uma vela a ser usada nas celebrações paroquiais da Semana da FamÃlia.
Queridos irmãos e queridas irmãs! Com esta celebração eucarÃstica realizamos o Jubileu das FamÃlias, neste Ano Santo da Misericórdia, e abrimos a Semana Nacional da FamÃlia, que como tema: Misericórdia na FamÃlia: dom e missão.
Sabemos que o lema do Jubileu da Misericórdia é: misericordiosos como o Pai, como muitas vezes cantamos no Hino do Jubileu. Diante do convite, ou melhor, do mandato de Jesus: “sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”, precisamos “olhar para o Pai como as crianças olham para seu amado papai, buscando Nele o modelo de seu ser e agir, e, assim, entendermos que a misericórdia de Deus é, a um só tempo, um dom para a famÃlia e, também, uma missão” (20ªHora da FamÃlia, p. 5).
“É dom porque a famÃlia nasce das mãos criadoras do Pai, e recebe Dele todo sustento e auxÃlio necessários para crescer, desenvolver e frutificar. Mesmo quando os membros da famÃlia não correspondem ao seu projeto, e nada têm a oferecer, ainda assim o Pai os ama, chama, busca, acolhe e os cura, gratuitamente” (idem).
“É missão porque a misericórdia é a expressão de um amor profundo e verdadeiro capaz de buscar e salvar aqueles que estão perdidos, curar os que estão feridos e dar a todos a oportunidade de ser bom de novo” (idem).
A Palavra de Deus que ouvimos na primeira leitura nos ajuda a compreender a misericórdia de Deus para com seu povo. O profeta Ezequiel, usando a imagem esponsal, familiar, esclarece a história das relações do Senhor Deus com o seu povo. Ao falar de Jerusalém (fala do povo eleito) mostra o cuidado de Deus para com ela desde o nascimento, crescimento, idade matrimonial. A relação de Deus com seu povo é uma relação nupcial, matrimonial que implica fidelidade de ambos os lados. O Povo foi infiel ao compromisso da aliança, Deus, porém, permanece fiel.
O profeta Ezequiel tem a missão de dizer com franqueza, em linguagem simbólica, a verdade ao povo, que tem responsabilidade pelo abandono de seu Senhor, para seguir aos deuses estranhos. O exÃlio, que o povo está experimentando, é clara consequência dessa atitude contrária ao seu Senhor. Deus, porém, permanece fiel à Aliança. Diz o texto sagrado: “Eu me lembrarei de minha aliança contigo, quando ainda eras jovem, e vou estabelecer contigo uma aliança eterna” (v. 60).
No Evangelho, temos a discussão sobre o divórcio permitido por Moisés. Jesus rebate esta questão e remete o matrimônio para a sua origem, ou seja, para o projeto de Deus para ao Matrimônio, quando diz: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim deste o inÃcio”.
Aqui, reproduzo parte de uma catequese do Papa Francisco sobre o Sacramento do Matrimônio. “Este Sacramento leva-nos ao cerne do desÃgnio de Deus, que é um plano de aliança com o seu povo, com todos nós, um desÃgnio de comunhão. No inÃcio do livro do Gênesis, o primeiro livro da BÃblia, coroando a narração sobre a criação, afirma-se: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher...” “Por isso, o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne” (Gn 1, 27; 2, 24). A imagem de Deus é o casal no matrimônio: o homem e a mulher; não só o homem, não somente a mulher, mas os dois juntos. Esta é a imagem de Deus: o amor, a aliança de Deus conosco está representada na aliança entre o homem e a mulher. Isto é muito bonito! Somos criados para amar, como reflexo de Deus e do seu amor. Na união conjugal o homem e a mulher realizam esta vocação no sinal da reciprocidade e da comunhão de vida plena e definitiva”.
“Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do Matrimônio, Deus, por assim dizer, “espelha-se” neles, imprime neles os seus lineamentos e o carácter indelével do seu amor. O matrimônio é o Ãcone do amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três Pessoas do Pai, Filho e EspÃrito Santo vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o mistério do Matrimônio: dos dois esposos Deus faz uma só existência. A BÃblia usa uma expressão forte e diz “uma só carne”, tão Ãntima é a união entre o homem e a mulher no matrimônio! Eis precisamente o mistério do matrimónio: o amor de Deus reflete-se no casal que decide viver junto. Por isso, o homem deixa a sua casa, a casa dos seus pais, e vai viver com a sua mulher, unindo-se tão fortemente a ela que os dois se tornam — reza a BÃblia — uma só carne”.
“No sacramento do Matrimônio há um desÃgnio deveras maravilhoso! E realiza-se na simplicidade e até na fragilidade da condição humana. Bem sabemos quantas dificuldades e provas enfrenta a vida de dois esposos... O importante é manter viva a união com Deus, que está na base do vÃnculo conjugal. E verdadeira unidade é sempre com o Senhor. Quando a famÃlia reza, o vÃnculo mantém-se. Quando o esposo reza pela esposa, e a esposa ora pelo esposo, aquela união revigora-se; um reza pelo outro. É verdade que na vida matrimonial existem muitas dificuldades, muitas; o trabalho, o dinheiro que não é suficiente, os filhos que enfrentam problemas. Tantas dificuldades! E muitas vezes o marido e a esposa tornam-se um pouco nervosos e brigam entre si. Discutem, é assim, sempre se altera no matrimônio, e Ãs vezes até voam pratos! Mas não devem entristecer-se por isso, pois a condição humana é mesmo assim! E o segredo é que o amor é mais forte do que o momento do litÃgio, e é por isso que eu aconselho sempre aos cônjuges: não deixeis que termine o dia em que discutistes, sem fazer as pazes. Sempre! E para fazer as pazes é suficiente um pequeno gesto, uma carÃcia... E até amanhã! E amanhã tudo recomeça! Esta é a vida. É preciso levá-la adiante assim, levá-la em frente com a coragem de querer vivê-la juntos. E isto é grandioso, é bonito! A vida matrimonial é realmente bela, e devemos preservá-la sempre, cuidando dos filhos” (Audiência Geral de 02/04/14).
Que o Jubileu das FamÃlias e a Semana Nacional da FamÃlia que hoje abrimos ajude nossas famÃlias a compreender melhor a sua beleza e grandiosidade no projeto de Deus.
Por fim, suplicamos: “Sagrada FamÃlia de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da famÃlia, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!” Papa Francisco – Amoris Laetitia, 325).