Fraternidade e diálogo: compromisso de amor

Neste ano realizaremos a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), com o tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2, 14a). A Campanha da Fraternidade Ecumênica representa uma das experiências mais valiosas de missão evangelizadora em nosso país.

O Texto-Base (TB) da CFE 2021 nos convida a pensar na conversão ao diálogo e ao compromisso de amor. A conversão nos provoca a pensarmos e repensarmos cotidianamente nossa forma de estar no mundo. Ela nos pergunta sobre como nos envolvemos com as transformações sociais, econômicas, espirituais, ecológicas, individuais e coletivas, a fim de que sejamos, cada vez mais coerentes com os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos (cf. TB, 8).

O esquema do TB inspira-se no relato sobre os discípulos de Emaús e segue o método ver, julgar e agir.

A primeira parte apresenta o VER, e tem o ponto de partida na narrativa dos discípulos a caminho de Emaús, que conversam a respeito dos acontecimentos recentes em Jerusalém. O TB chama a atenção para os acontecimentos hoje, ou seja, a realidade da pandemia da Covid-19, que interrompeu vidas de mulheres e homens, crianças e jovens, idosos e idosas. Todas essas vidas interrompidas não podem ser compreendidas como meras estatísticas. Cada uma dessas mortes representa ausência, saudade, interrupção de planos e projetos (TB, 24). Parece que as mortes provocadas pela pandemia não contribuíram para que repensássemos nossas relações.

Além da questão da pandemia, o TB lembra as novas cruzes na vida do povo. “São muitas as cruzes presentes em nosso país” (TB, 59): Mortes violentas com causa indeterminada. O racismo que vigora no Brasil revelado pelos índices de homicídios. Os jovens negros são as principais vítimas de homicídios no Brasil (cf. TB, 60). Trata também do racismo e violência religiosa; trata ainda da violência contra a Casa que habitamos, o planeta Terra.

Na segunda parte temos o JULGAR e encontramos um aprofundamento da Carta aos Efésios, de onde se tira o lema da CFE 2021. Destaca a diversidade que conduz à unidade. “Jesus Cristo é o centro da fé e unifica a comunidade apesar das diferenças, pois convoca à experiência do amor que nos une” (TB, 112). A afirmação “Cristo é nossa paz” confessa que em Cristo não há lugar para a violência e o racismo, para o ódio e a discriminação (TB, 117). O TB lembra que o Evangelho é força de Deus que derruba os muros. O Evangelho promove a paz e a comunidade confessa que Cristo é a paz que derruba os muros de separação e reconcilia as pessoas inimigas (TB, 127).

O AGIR apresenta algumas experiências de boas práticas ecumênicas, tais como: promoção do diálogo ecumênico, especialmente na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, a convivência inter-religiosa, a realização das missões ecumênicas que contribuíram para a superação da violência; o Encontro Ecumênico de Mulheres, visando a superação da violência contra as mulheres. Por fim, a prática em relação ao cuidado da casa comum, ou seja, a participação ativa no Fórum Alternativo Mundial da Água. “Essas boas práticas nos ensinam que a evangelização e a missão são constitutivas do testemunho das Igrejas. Proclamar a Palavra de Deus e dar testemunho ao mundo é essencial para todos os cristãos e cristãs” (TB, 216).

A Campanha da Fraternidade expressa-se concretamente pela oferta de doações em dinheiro na Coleta da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, realizado em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade.

Desejo que a realização da CFE 2021 seja uma contribuição para nossa vivência quaresmal nos ajude avançar na conversão pessoal e comunitária.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Informativo Igreja-Hoje – Janeiro/Fevereiro 2021

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