Dom Moacir celebrou 20 anos de ordenação episcopal
Com o lema episcopal “Permanecei em Mim” (Jo 15, 4), que expressa a firme convicção de que só é possível viver e realizar bem o ministério episcopal numa profunda intimidade com Jesus Cristo, o Bom Pastor, o arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto Dom Moacir Silva celebrou em 11 de dezembro, na 2ª Semana do Advento, na Catedral Metropolitana de São Sebastião, em Ribeirão Preto, os 20 anos de Ordenação Episcopal. A Missa em Ação de Graças reuniu padres, diáconos, seminaristas, candidatos ao Diaconato Permanente, familiares e paroquianos das diversas paróquias arquidiocesanas. Dom Moacir foi nomeado terceiro bispo diocesano de São José dos Campos (SP), em 20 de outubro de 2004. A Ordenação Episcopal ocorreu no dia 11 de dezembro de 2004, em São José dos Campos, acompanhada por mais de 7 mil pessoas. Dom Nelson Westrupp, SCJ, foi o bispo ordenante e os coordenantes foram: Cardeal Raymundo Damasceno Assis e Dom Dimas Lara Barbosa. Seu lema episcopal é “Permanecei em mim” (Jo 15, 4), que expressa sua firme convicção de que só é possível viver e realizar bem o ministério episcopal numa profunda intimidade com Jesus Cristo, o Bom Pastor. As músicas da celebração foram executadas brilhantemente pelo “Coral Arquidiocesano Frei Fabreti”, e valorizaram a espiritualidade e orações em ação de graças pelo jubileu episcopal de dom Moacir. O Diácono José Silva, irmão do arcebispo, proclamou a Leitura do Evangelho (Jo 15, 1-8), conhecido como “A alegoria da videira e o mandamento do amor”, de onde é extraído o lema episcopal de dom Moacir. Os cerimonialistas da celebração foram o padre Antônio Élcio de Souza (Pitico), nas funções próximas ao arcebispo e seus assistentes; e o padre Luís Gustavo Benzi, Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, responsável pelo cumprimento dos ritos iniciais e finais.
A missão do Bispo
Na introdução da homilia, dom Moacir recordou alguns documentos que trazem as atribuições e responsabilidades do exercício do ministério episcopal e revelam os compromissos do Pastor no seguimento de Jesus Cristo. “Nesta festiva celebração do 20º aniversário de minha Ordenação Episcopal, renovo, com fé, minha escuta da Palavra de Deus, da qual fui constituído anunciador, apóstolo e mestre, conforme o pensamento de São Paulo, na 1ª leitura. Neste momento, tenho presente uma intervenção no sínodo dos Bispos sobre ‘a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja’, quando um dos padres sinodais afirmou: ‘No exercício do múnus docendi o bispo deve ensinar aos fiéis a palavra tirada das Sagradas Escrituras, da tradição, do magistério, da liturgia da Igreja, cuidando que seja proposta integral e fielmente toda a revelação cristã. Igualmente, a Palavra de Deus também deve ser o ponto de referência do múnus santificandi e do múnus regendi. Tenho também presente as palavras da exortação Apostólica Pós-Sinodal Pastores Gregis: ‘Se o dever de anunciar o Evangelho é próprio de toda Igreja e de cada um dos seus filhos, pertence a título especial aos Bispos, que no dia da sagrada Ordenação, pela qual ficam inseridos na sucessão apostólica, assumem como compromisso principal o múnus de pregar o Evangelho, e de pregá-lo com a fortaleza do Espírito chamando os homens à fé ou confirmando-os na fé viva’ (PG 26, b). Eis o grande desafio da evangelização”, revelou o arcebispo.
Caminhada sinodal: Comunhão, Participação e Missão
Dom Moacir ainda complementou as exigências da caminhada episcopal ao mencionar um trecho do Documento Final do Sínodo, da segunda sessão (26.10.2024): “Tenho presente ainda uma afirmação do Documento Final do Sínodo 2021-2024 Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação, Missão: ‘A função do Bispo é presidir a uma Igreja local, como princípio visível de unidade no seu interior e vínculo de comunhão com todas as Igrejas. A afirmação conciliar de que ‘pela consagração episcopal, se confere a plenitude do sacramento da Ordem’ (LG 21) permite-nos compreender a identidade do Bispo na trama das relações sacramentais com Cristo e com a ‘porção do povo de Deus’ (CD 11) que lhe foi confiada e que ele é chamado a servir em nome de Cristo Bom Pastor. Quem é ordenado Bispo não recebe prerrogativas e tarefas que deve desempenhar sozinho. Pelo contrário, recebe a graça e a tarefa de reconhecer, discernir e compor em unidade os dons que o Espírito derrama sobre as pessoas e sobre as comunidades, trabalhando dentro do vínculo sacramental com os Presbíteros e os Diáconos, que com ele são corresponsáveis pelo serviço ministerial na Igreja local. Ao fazer isto, realiza aquilo que é mais próprio e específico da sua missão no contexto da solicitude pela comunhão das Igrejas (DF, 69)”.
Renovo o pedido de orações para cumprir a missão que o Senhor me confiou nesta sua Igreja
Na continuidade da homilia dom Moacir pediu aos fiéis o auxílio nas orações para continuar a ser presença fiel de Cristo no meio do povo. “Queridos fiéis arquidiocesanos, ajudai-me, com vossas orações, a cumprir a missão que o Senhor me confiou nesta sua Igreja. Renovo a certeza de que só em Cristo poderei realizar a obra que ele me confiou; daí o meu lema episcopal: ‘Permanecei em Mim’. Ele expressa minha firme convicção de que só é possível viver e realizar bem o ministério episcopal numa profunda intimidade com Jesus Cristo, o Bom Pastor. Ao mesmo, ele é também convite para todos os fiéis desta Igreja Particular crescer na comunhão com Senhor”.
Ser discípulo missionário de Jesus Cristo
Ao meditar a Palavra de Deus proclamada no Evangelho o arcebispo refletiu o sentido da imagem da videira e a relação com os ramos e os frutos. “Neste Evangelho, Jesus usa a sugestiva imagem da videira, dos ramos e dos frutos para definir a situação dos discípulos em relação a Ele. No Antigo Testamento (e de forma especial na mensagem profética), a ‘videira’ e a ‘vinha’ eram símbolos do Povo de Deus. Israel era apresentado como uma “videira” que o Senhor Deus arrancou do Egito, que transplantou para a Terra Prometida e da qual cuidou sempre com amor. Agora, Jesus apresenta-se como a verdadeira ‘videira’ plantada por Deus (v. 1). É Jesus que irá produzir os frutos que Deus espera. E, de Jesus, a verdadeira “videira”, irá nascer um novo Povo de Deus. Hoje, como ontem, Deus continua a ser o agricultor que cuida com carinho da sua vinha. Qual é o lugar e o papel dos discípulos de Jesus, neste contexto? Os discípulos são os ‘ramos’ que estão unidos à ‘videira’ (Jesus) e que dela recebem vida. Estes ‘ramos’, no entanto, não têm vida própria e não podem produzir frutos por si próprios; necessitam da seiva que lhes é comunicada por Jesus. Por isso, são convidados a permanecer em Jesus (v. 4). O verbo permanecer é a palavra-chave do nosso texto. Expressa a confirmação ou renovação de uma atitude já anteriormente assumida. Supõe que o discípulo tenha já aderido anteriormente a Jesus e que essa adesão adquira agora estatuto de solidez, de estabilidade, de constância, de continuidade. É um convite para que o discípulo mantenha a sua adesão a Jesus, a sua identificação com Ele, a sua comunhão com ele… Se o discípulo mantiver a sua adesão, Jesus, por sua vez, permanece no discípulo – isto é, continuará fielmente a oferecer ao discípulo a sua vida”.
Viver o Compromisso missionário na comunidade de Jesus
Dom Moacir também comentou a respeito do compromisso dos discípulos de Cristo em produzirem verdadeiros frutos de paz, justiça, direitos solidariedade, e portanto, precisam ser testemunhas na sociedade. “Hoje, Jesus, ‘a verdadeira videira’, continua a oferecer ao mundo e aos homens os seus frutos; e o faz por meio dos seus discípulos. A missão da comunidade de Jesus, que hoje caminha pela história, é produzir os frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus produziu. Trata-se de uma tremenda responsabilidade que é confiada, a nós, os seguidores de Jesus. Jesus não criou um grupo fechado onde os seus discípulos podem viver tranquilamente sem ‘influenciarem’ os outros homens; mas criou uma comunidade viva e dinâmica, que tem como missão testemunhar em gestos concretos o amor e a salvação de Deus. Se os nossos gestos não derramam amor sobre os irmãos que caminham ao nosso lado, se não lutamos pela justiça, pelos direitos e pela dignidade dos outros homens e mulheres, se não construímos a paz e não somos arautos da reconciliação, se não defendemos a verdade, estamos traindo Jesus e a missão que Ele nos confiou. A vida de Jesus tem de transparecer nos nossos gestos e, a partir de nós, atingir o mundo e os homens”.
E, ao concluir a homilia dom Moacir conclamou os fiéis a assumirem o batismo e o compromisso eucarístico na partilha e na entrega aos irmãos. “No entanto, o discípulo só pode produzir bons frutos se permanecer unido a Jesus. No dia do nosso Batismo, optamos por Jesus e assumimos o compromisso de segui-lo no caminho do amor e da entrega; quando celebramos a Eucaristia, acolhemos e assimilamos a vida de Jesus – vida partilhada com os irmãos e irmãs, feita entrega e doação total por amor, até à morte. O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para Cristo. Por fim, suplicamos: permanece conosco, Senhor, para que possamos permanecer em vós, e assim podermos produzir frutos de amor e santidade, hoje e sempre. Amém”, finalizou o arcebispo.
Gratidão
Antes dos ritos finais, o cerimoniário padre Luís Gustavo, conduziu as mensagens dirigidas a Dom Moacir por representantes da Igreja Particular de Ribeirão Preto, mas antes dirigiu algumas palavras ao arcebispo: “Dom Moacir na preparação desta celebração festiva para o senhor, tenha certeza que é muito mais festiva para nós, nós procuramos usar da simplicidade que o senhor tanto nos ensina nos seus gestos de acolhida, de acompanhamento, de presença, sobretudo na missão de cada um de nós. Pensamos na beleza do coral que nos fez rezar de modo mais intenso esta missa, e manifestamos nosso agradecimento ao coral, e também a celebração feita nesta Catedral, sua Igreja que representa a Esposa de Cristo, ao qual o senhor é chamado como todos nós a ser fiel a cada momento. E, fizemos questão que nesta celebração se fizessem presentes todos aqueles que de certa forma revelam o rosto da Arquidiocese: os padres, os diáconos, os leigos e seminaristas”.
Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade
A coordenadora arquidiocesana da Pastoral da Criança, Maria Aparecida Menezes de Paula (Mariinha), representando os leigos dirigiu mensagem a Dom Moacir: “Quero nesse dia especial representar todos os leigos da nossa Arquidiocese, desejando muitas bênçãos sobre a sua vida e seu ministério, desde já agradecendo por todo zelo e cuidado com o povo de Deus que lhe foi confiado. Tive o privilégio e responsabilidade de assumir a missão da Pastoral da Criança pela segunda vez, diria que sou suspeita para falar, pois desde o meu primeiro mandato que o senhor se fez presente me acolhendo, me incentivando na missão de lutarmos pela vida em abundância de todas as gestantes e crianças. Em tempos de pandemia, se adaptou às novas tecnologias, promovendo encontros nos domingos (Programa Estou Convosco) para instruir, ouvir e esclarecer, rezando cada domingo, falando das Pastorais, da Igreja, para iluminar a missão principalmente dos leigos. Quero louvar e bendizer pelo dom de sua vida, desejar-lhe saúde, abundante, que a Virgem do Carmo interceda por sua vida, família, sua missão de pastor, que o senhor continue a brilhar, claro, junto de nós”.
Louvar e agradecer a Deus
O diácono Márcio Fabiano Alves, presidente da Associação dos Diáconos Permanentes da Arquidiocese de Ribeirão Preto (Adparp), pronunciou em nome do Diacônio: “Queremos louvar e agradecer a Deus pelo dom da vida do senhor. Queremos louvar e agradecer a Deus pelo dom do seu ministério. Queremos louvar e agradecer a Deus pelo amor, carinho e cuidado e o respeito que o senhor tem para com os diáconos: gratidão”.
Os agradecimentos da Pastoral Presbiteral foram feitos pelos últimos três padres ordenados por dom Moacir, os padres: Leonardo Silva, Christian Ferreira e João Marcos: “Permanecei em mim! É o convite de Jesus aos discípulos e que se tornou seu lema de vida e missão quando, há vinte anos, o padre Moacir passou a ser chamado Dom Moacir. Dom é presente, é gratuidade, aquilo que é dado sem pedir nada em troca. E de fato, sua vida se tornou Dom. Não que antes não fosse, mas agora de uma maneira muito mais profunda na doação e no amor pela Igreja. Mas ninguém faz da vida um Dom – ainda mais um Dom tão grande, de 20 anos – sem estar em completa intimidade com aquele que nos chamou, sem beber continuamente do seu Dom de amor. Por isso a necessidade de convidar a todos a permanecerem unidos a Cristo, como ramos da videira verdadeira. E esse tem sido seu ministério entre nós. Sua missão como pastor tem sido um testemunho vivo de fidelidade ao Evangelho, transmitindo o amor de Deus em suas palavras e ações. Em cada gesto de caridade, em cada homilia, em cada visita aos fiéis, o senhor tem sempre exortado a todos a permanecerem na presença de Deus, buscando sempre a santidade e o bem comum. Nessas duas décadas, sua jornada sacerdotal e episcopal tem sido marcada por uma profunda comunhão com Cristo, pelo zelo pastoral e pela incansável busca pela unidade da Igreja. Sua vida, pautada pela oração e pelo serviço, tem sido um reflexo do amor de Deus por todos nós, e suas palavras, que nos convidam constantemente a ‘permanecer em Cristo’, são um chamado para uma vida mais plena e mais próxima do Senhor. Obrigado pelos 20 anos de seu dom e, em boa parte desse tempo, ter sido o nosso Dom! Vai firme!”