Neste mês de outubro, reproduzo aqui o compromisso missionário assumido por nossa Arquidiocese, na 15ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral (15ª AAP).
O processo da 15ª AAP mostra-nos diversas ações missionárias desenvolvidas por nossas comunidades, padres, diáconos e fiéis. A expansão da Ação Missionária Ribeirão Preto/Amazonas, com o crescente número de padres e leigos visitando e acompanhando os trabalhos missionários, as comunidades assistidas pela nossa Arquidiocese nas terras amazônicas. Os grupos missionários, de reza do terço, de novenas de Natal, cada vez mais ampliados, apontam-nos a vivência da “Igreja do ir”, da Igreja em saída.
Porém, apesar disso, sente-se que a consciência missionária mantém-se ainda bem frágil, com poucas articulações missionárias com os jovens e ações de evangelização desenvolvidas apenas com os jovens que estão dentro da Igreja, mas está muito distante dos jovens que estão fora. Clama-se por Paróquias com atendimentos em horários mais acessíveis e que vivam verdadeiramente a fraternidade.
Diante destas luzes e sombras, para que sejamos uma Igreja decididamente missionária, na qual “o cristão é convidado a comprometer-se missionariamente, ‘como tarefa diária’, em ‘levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos’” (DGAE, 187), em Assembleia, assumimos os seguintes compromissos:
1. Considerar uma prioridade pastoral histórica o investimento de tempo energia e recursos com os jovens. Formar acompanhadores de jovens, promover missões juvenis em vista da renovação de experiências de fé e de projetos vocacionais e abrir espaços para que os jovens criem novas formas de missão, por exemplo, nas redes sociais (ChV, n. 240, 241 e 246). Disposição em conhecer as novas juventudes; quem são, onde estão, o que fazem nossos jovens hoje. Usar das mídias digitais, onde estão os jovens, para alcançá-los. Divulgar mais a ideia e a proposta do Setor Juventude. Descobrir e investir, no Clero e entre os jovens, vocacionados para trabalhar com as juventudes e investir neles.
2. Desenvolver os projetos de visitas missionárias a áreas e ambientes mais distanciados da vida da Igreja (…). Evitar realizar visitas únicas ou pontuais, destinadas apenas a apresentar a realidade eclesial já existente. Capacitar coordenadores e animadores para que a comunidade de comunidades seja realidade e não apenas projeto. A setorização não pode ser apenas uma multiplicação de missas e terço, mas a criação de um espaço de vivência e partilha da Palavra e da vida. Implantar e aperfeiçoar os Conselhos Missionários Paroquiais (COMIPA).
3. Valorizar como espaços missionários os hospitais, as escolas e as universidades, o mundo da cultura e das ciências, os presídios e outros lugares de detenção. Em espaços assim, a presença fraterna e orante é o ponto de partida para o anúncio e a formação de comunidades.
4. Investir em comunidades que se autocompreendam como missionárias, em estado permanente de missão, indo além de uma pastoral de manutenção e se abrindo a uma autêntica conversão pastoral (DAp, n. 366 e 370). Novos lugares, novos horários, linguagem renovada e pastoral adequada às novas demandas da população. Priorizar a pessoa como objetivo da ação missionária. A Cultura do Encontro deve ser o pano de fundo para a missão permanente. (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Ribeirão Preto – 2019/2023. P. 17 e 18).
O Papa Francisco nos lembra: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, 273). A vida é missão.
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano
Boletim Igreja-Hoje – Outubro/2020