Neste tempo somos chamados a viver o Advento e o Natal, marcados pela pandemia da Covid-19. Sabemos que Advento é tempo de esperança; neste ano, somos chamados a avançar na vivência desta virtude.
O Papa Francisco nos ajuda com sua catequese de 23 de setembro de 2020: “A esperança é audaz, por isso encorajemo-nos uns aos outros a sonhar alto. Irmãos e irmãs, aprendamos a sonhar alto! Não tenhamos medo de sonhar alto, procurando os ideais de justiça e amor social que nascem da esperança. Não procuremos reconstruir o passado, o passado é passado, esperam-nos realidades novas. O Senhor prometeu: ‘Renovarei todas as coisas’. Encorajemo-nos uns aos outros a sonhar alto, buscando estes ideais, não procuremos reconstruir o passado, especialmente o que era iníquo e já doente, e que já mencionei como injustiças. Construamos um futuro onde a dimensão local e global se enriqueçam mutuamente – cada um pode dar a sua contribuição, cada um deve dar a sua parte, a sua cultura, a sua filosofia, o seu modo de pensar – onde a beleza e a riqueza dos grupos menores, inclusive dos grupos descartados, possam florescer, pois também nisto há beleza, e onde aqueles que têm mais se comprometam a servir e a dar mais a quem tem menos”.
As normas universais do ano litúrgico, no número 39, diz: “O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa”.
Advento é tempo de espera, de preparação e de chegada. Esperar alguém requer cuidadosa e alegre preparação.
Vivendo bem o Advento poderemos na celebração do Natal mergulhar mais profundamente no mistério da Encarnação, isto é, no mistério do Filho de Deus que assumiu uma natureza humana para realizar nela a nossa Salvação. O Filho de Deus veio partilhar conosco a sua vida. Com isso, Ele nos convida a partilharmos nossa vida com os outros; Ele que veio ao nosso encontro nos impulsiona a irmos ao encontro dos outros e das suas necessidades.
“Eu vos anuncio uma grande alegria” (Lc 2, 10). É o grande anúncio do Natal: “hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2, 11).
A celebração do Natal é a celebração do mistério da Encarnação do Verbo e sua habitação em nosso meio. A Encarnação é o evento e a verdade de fé cristã fundamental que, em certo sentido, inclui todas as outras. É o evento decisivo com o qual Deus transpôs a diferença qualitativa com a criatura e uniu-se a ela, entrando na sua vida e sua história. Hoje, mais do que nunca, precisamos aderir plenamente com a inteligência e a vontade a esta verdade.
Celebrar verdadeiramente o Natal significa encontrar-se com Jesus e viver todas as consequências desse encontro. E não nos esqueçamos de que o encontro pessoal com Jesus no Natal necessariamente exige de nós conversão, conforme ensina o Documento de Aparecida: “Conversão: É a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê n’Ele pela ação do Espírito Santo, decide-se ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida”.
A todos os queridos e amados fiéis da Arquidiocese de Ribeirão Preto desejo um verdadeiro encontro com Jesus, neste Natal; assim ele será realmente feliz e santo.
Aos pés do Menino de Belém, o Verbo feito homem, coloquemos nossas alegrias e preocupações, nossas lágrimas e esperanças. Coloquemos nossa vida familiar e profissional, nossos anseios e nosso empenho na construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária, sinal mais visível do Reino de Deus.
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano