Amazônia, terra de missão, de rios e igarapés que se derramam em lágrimas

Acompanhamos pelos noticiários, a gravidade que a estiagem severa, sem precedentes, semeou. Nestes tempos, aqui quanto em outras fronteiras de missão, faz-se necessário um olhar, um contemplar dos rastros do gemido da nossa QUERIDA AMAZÔNIA.

Tenho ido para as comunidades, (agora já é tempo de dizer: quando se é possível ir para as comunidades) e tenho ouvido do senhor Raimundo, da dona Maria, marcados pelas várias décadas de vida, que nunca e jamais viram, neste início de verão amazônico, desabrochar tantas ilhas, areias e pedrais no barrento Solimões, nem no mais Negro dos rios e menos ainda, no caudaloso Amazonas.

Falta acesso, falta peixe, falta água e até mesmo para se levar a Presença, a Eucaristia, o batismo e a crisma, se torna fatal. Alguns registros da “epopeia Divina”, ou da “Divina epopeia” de como chegar a uma das comunidades isoladas: tomar a lancha e ir até o rio que ainda sangra, mas que não morrera. Depois de uma volta grande para se desviar dos bancos de areia, se escala, sim, literalmente se escala um barranco tão íngreme que, quem mesmo lá me aguardava, dizia ser quase impossível fazê-lo. Depois de caminhar, andar onde era uma extensão do rio, uma rabeta me aguardava em frente ao flutuante do senhor Flávio, que me levaria por um estreito canal até uma barragem feita para retardar o sumiço do sagrado líquido. Depois da barragem, outra rabeta pronta para me levar até o destino, uma capela que parecia estar num penhasco, de tão alta a baixa das águas a deixou.

Lá, chegando, o grande e valioso tesouro: a comunidade reunida, credência e altar preparados para tudo, tudo do “nada” ser ofertado, para que tudo se revista de esperança, de vida, de sentido, de Deus!

Padre Aparecido Donizeti Maciel
Missionário da Arquidiocese na Ação Missionária Ribeirão Preto / Manaus
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Careiro da Várzea – AM
https://www.facebook.com/aparecido.maciel.7543

Veja também: