Antropologia e afetividade humana na formação permanente presbiteral

A Pastoral Presbiteral organizou uma formação permanente para os Presbíteros da Arquidiocese de Ribeirão Preto, que no dia 16 de março, reunidos com o arcebispo metropolitano dom Moacir Silva na Casa Dom Luís, em Brodowski, sob a assessoria da Psicóloga Iamara Maria Porcelli, tratou do tema “Quem é o Homem” e sua “Sexualidade”.

A psicóloga Iamara Maria Porcelli é da Diocese de São José dos Campos (SP) e tem um vasto curriculum vitae de acompanhamento de candidatos em formação à vida consagrada, presbiteral, e além de assessorar encontros e cursos de formação, também acompanha terapeuticamente centenas de sacerdotes, jovens, casais e famílias em todo Brasil. Em suas abordagens proporcionou-nos um dia muito rico de reflexões sobre nossa identidade como seres humanos e nossa sexualidade.

Com o Salmo 8 “Quem é o homem para dele te lembrares com tanto carinho?” Iamara iniciou sua abordagem, lembrando os psicólogos Siegmund Freud que define o homem como um ser impulsionado, conduzido por seus instintos, e a visão de Victor Frankl que descreve o homem como um ser livre, um “ser que decide”, um “ser que se decide”. Ela apresentou teses sobre a pessoa em Victor Frankl como: “A pessoa é um indivíduo: não admite subdivisão, pois é uma unidade. A pessoa é in-somável: não se pode agregar nada a ela, pois é uma totalidade. A realidade humana é “unitas multiplex”. Ontologia dimensional – analogias geométricas”.

A psicóloga continuou apresentando a imagem do Homem à luz da unidade antropológica tridimensional: sua dimensão biológica, sua dimensão psicológica e finalmente a pessoa espiritual. Ao falar do ser original, ressaltou que cada pessoa é absolutamente um ser novo, com caráter peculiar, singular e original como indivíduo, pessoa de valor único e irrepetível.

A natureza da pessoa humana é espiritual. O espiritual é algo que distingue o homem, algo que corresponde somente a ele. A pessoa é existencial, o que implica ser livre. A conduta do homem não é ditada pelos diferentes condicionamentos, mas pelas decisões que toma. O homem é ser responsável, porque cada vez que toma uma decisão, ele se autoconfigura, ele se transforma, ele dá forma a si mesmo e ao seu destino, afirmou Iamara.

E continuou abordando suas ricas reflexões sobre a consciência que orientam a vida da pessoa, que a pessoa só se compreende a si mesma do ponto de vista da transcendência, como ser humano. “Ser homem significa, por si mesmo, estar orientado para além de si mesmo.” “Ser homem significa estar, desde sempre, orientado e dirigido a algo ou a alguém, estar dedicado a um trabalho (missão), a outro ser humano ao qual ama, ou a Deus a quem serve.” O ser humano é impulsionado por uma “vontade de sentido”: qual é o sentido de minha vida atual hoje, neste momento existencial? “Ex-sistir” é igual a sair de si mesmo para o encontro consigo mesmo, o encontro com o outro e o encontro com Deus. O ser humano pode eleger seu próprio caminho e assumir todas as consequências dessa eleição.

Iamara também dedicou boa parte de suas ricas exposições sobre a sexualidade humana. Apresentou a definição da ‘Sexualidade’ elencando as energias preciosa e relacional, que permitem viver relações fecundas. Falou dos estágios da sexualidade, pormenorizando o impulso sexual, o instinto e a tendência sexual, bem como das compensações.

Do poeta austríaco Jura Soyfer declamou um poema que define o homem como projeto: “Único modo de liberar o homem que dorme em nós: perguntar-nos a cada instante se homens somos e a cada instante responder-nos: Não. O esboço somos mal rabiscado do homem, ainda por desenhar. Um pobre telão para a grande cena. Homens nos chamais? Ainda não: aguardai.” Os antídotos que projetam o homem são a coerência, o convencimento do valor de escolhas feitas, a honestidade para consigo mesmo, a transparência, ter presente que viver é um ato diário, ser aberto e acolhedor, exercer a autoridade com sabedoria e discernimento. Não querer ficar sempre bem na fita e preservar o cuidado com a vida afetiva e sexual sempre.

Nossa profunda gratidão à psicóloga Iamara Maria Porcelli e à Pastoral Presbiteral pelo rico dia de formação.

Colaboração: Padre Gilberto Kasper (Pascom Arquidiocesana de Ribeirão Preto)

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