Campanha da Fraternidade 2022

Neste ano a Campanha da Fraternidade (CF) tem como tema: “Fraternidade e Educação” e como lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). Com esta temática, a Igreja no Brasil nos convida a refletir sobre a indispensável relação entre fraternidade e educação.

A Campanha da Fraternidade tem como grande objetivo despertar a solidariedade dos fiéis em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução à luz do Evangelho. A realidade da educação nos interpela e exige profunda conversão de todos. Refletir e atuar a favor da educação é uma forma de viver a penitência quaresmal. Não podemos esquecer que a educação é um indispensável serviço à vida.

Neste ano a CF tem como objetivo geral: promover diálogos a partir da realidade educativa no Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Este objetivo geral se desdobra em sete objetivos específicos.

O Texto-Base (TB) da CF-2022 estrutura-se em três partes: Escutar, Discernir e Agir.

O ato de escutar é fundamental. Escutar é mais do que ouvir. Escutar é uma condição para nossas relações, para compreensão do que se passa, para o diagnóstico dos caminhos que devemos tomar e, especialmente, escutar é uma condição para falar com sabedoria e ensinar com amor. Escutar o outro, como Jesus nos demonstrou em toda a sua pedagogia, é o ponto de partida para acolher, compreender, problematizar e transformar a realidade (cf. TB 26 e 27).

Não podemos nos esquecer que a realidade também nos fala através dos acontecimentos, das tendências, tensões sociais, demonstrações de ações de solidariedade, através de seus avanços e recuos. Escutar a realidade que nos fala é recuperar a percepção dos sinais dos tempos (cf. TB 29).

Neste processo de escuta, o TB lembra a pandemia da Covid-19 que nos trouxe lições e compromissos (TB 33-36); chama a atenção para a necessidade de um projeto de vida e um projeto de sociedade (TB 37-40); nos convida a aprender com o vivido e construir o novo (TB 41-44); chama a atenção para o inesperado, a ambiguidade da vida e a cultura do encontro (TB 49-53); enfatiza a importância da formação humana e o papel da educação (TB 54-59); reflete sobre a educação formal no Brasil que é um projeto inconcluso (TB 70 e ss.).

O exercício da escuta conduz à necessária tomada de posição da parte de quem escutou. Entre a escuta e a ação, urge a prática do discernimento, qual iluminação à luz dos critérios da Fé e da Tradição Cristã. E o discernimento se pratica com outra escuta, dessa vez, da Palavra de Deus, como passo fundamental para julgar evangelicamente os desafios do tempo presente e apontar as proposições para o novo. Assim, a referência primeira é Jesus (TB 139). Jesus Cristo: Mestre e Educador. O Evangelho revela como Jesus atraía pessoas, grupos e a multidão sobretudo pelo seu modo de ensinar (TB 144). Ele buscava criar condições para despertar nos corações das pessoas o desejo de aprender, sobretudo as verdades mais importantes para a vida eterna (TB 148). O modo de ensinar de Jesus transformou e ainda hoje pode modificar a vida de muitas pessoas (TB 151).

O discernimento também chama a atenção para os horizontes próprios da educação cristã, lembrando que esta parte da visão positiva e integral do ser humano como ser responsável por si mesmo e pelo mundo, como ser livre, aberto à transcendência e culturalmente situado, marcado pela contradição do pecado, mas orientado a vencê-lo e, eticamente conduzido para a justiça e a fraternidade (TB 169-170). Também enfatiza a importância de educar na fé, educar para o diálogo; educar para o belo, o bom e o verdadeiro.

O Agir aponta para a necessidade de um projeto de vida como fonte para uma nova sociedade; chama a atenção para o Pacto Educativo Global proposto pelo Papa Francisco; apresenta a necessidade de educar para um novo humanismo, promovendo a cultura do diálogo, globalizando a esperança, buscando uma verdadeira inclusão e criando redes de cooperação. Lembra também que educar é iniciar processos.

Vivamos intensamente esta Campanha da Fraternidade, lembrando que educar é um ato eminentemente humano.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Informativo Igreja-Hoje
Edição – Janeiro/Fevereiro 2022

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