Leia mais: Orientações da Pastoral Familiar para o X Encontro Mundial das Famílias
Queridas Famílias!
Venho por meio desta singela carta, expressar a minha proximidade para com todas as famílias da nossa Arquidiocese, sobretudo as que se encontram feridas pelas perdas da pandemia e as que se encontram caídas pelo caminho por causa de alguma crise ou dificuldade: a Igreja está com vocês, o Senhor está próximo de vocês, pois “não basta reiterar o valor e a importância da doutrina, se não nos tornarmos guardiões da beleza da família e se não cuidarmos com compaixão da sua fragilidade e feridas. Estes dois aspectos estão no cerne de toda a pastoral familiar: a franqueza do anúncio evangélico e a ternura do acompanhamento.” (Mensagem do Papa Francisco aos participantes do congresso online “O nosso amor cotidiano” por ocasião da abertura do ano Família Amoris Laetitia, 19/03/2021).
Estamos vivendo o Ano Família Amoris Laetitia; agora estamos chegando ao seu ponto alto: o Encontro Mundial das Famílias, com o tema: “Amor em família: vocação e caminho de santidade”.
O termo vocação deriva do verbo latino vocare, que quer dizer chamar. O primeiro chamado de Deus para cada criatura é a tornarem-se, pelo sacramento do Batismo, filhos Seus. Dentre os batizados, alguns são chamados a dar a Deus a sua existência através de uma consagração sacerdotal ou religiosa; outros, a dar-se ao Senhor no sacramento do Matrimônio. Porque a vida matrimonial também se configura como uma vocação, como um chamado de Deus.
No sacramento do Matrimônio, os esposos respondem a um chamado que Deus lhes fez. Um chamado que consiste em amar como Ele ama. O sim pronunciado pelos esposos no dia do casamento, porém, vai de encontro todos os dias com a dificuldade de amar o cônjuge nas suas fragilidades e fraquezas. Isso significa que o chamado ao Amor tem de ser sustentado pela graça de Deus. Esta requer, da parte dos esposos, uma acolhida contínua dessa mesma graça que, recebida diariamente, faz com que os cônjuges aprendam gradualmente, com tenaz perseverança e humilde paciência, a amar como Jesus ama. É reconfortante saber que, apesar dos desgastes e dos momentos de dificuldade, a presença de Cristo é sempre um apoio indispensável e um conforto incomparável. A Sua Voz, acessível na Palavra, não cessa de chamar, de consolar e encorajar a prosseguir nesse caminho.
A santidade é um chamado para todos. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, a terceira do seu pontificado, exorta o homem a responder ao seu chamado à santidade. Deus não chama todos, de maneira anônima e genérica, mas dirige a cada um de nós um apelo pessoal.
Diz o Santo Padre: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes[…]. Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’”. (Gaudete et Exsultate 7).
“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. […] Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus.” (Gaudete et Exsultate 14).
Somos chamados, com todas as Arq/dioceses do mundo, a vivenciar o Encontro Mundial das Famílias, acompanhando pelas mídias sociais o Evento em Roma e, sobretudo, participando ativamente da programação elaborada pela Pastoral Familiar de nossa Arquidiocese, crescendo na vivência do amor em família.
À Sagrada Família de Nazaré, confio cada uma de vossas famílias e o trabalho da Pastoral Familiar em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto.
Com meu abraço de pastor e minha benção,
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano