Catequese Quaresmal

Estamos vivendo mais uma quaresma, que tem como grande horizonte a Páscoa e nossa filiação divina renovada. Os Prefácios do tempo quaresmal nos oferecem uma catequese mistagógica que abre horizontes concretos e nos permite caminhar com passos firmes para a Páscoa, que é a nossa grande meta, conscientes de que para chegar à Pascoa é preciso passar pela cruz e a morte. Com palavras bem medidas e com expressões ajustadas, eles vão ensinando-nos os itinerários concretos que nos leva à concrucifixão com nossa divina Cabeça (Jesus Cristo), a fim de podermos dizer, com toda verdade, como fazia São Paulo: “Com Cristo, eu fui pregado na cruz” (Gl 2, 19). Esta afirmação de São Paulo não é um puro gênero literário, mas sim, uma realidade viva, operante e redentora.

Olhemos os textos dos Prefácios:

O grande horizonte da quaresma: a Páscoa e a filiação divina renovada: “Vós concedeis aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. De coração purificado, entregues à oração e à prática do amor fraterno, preparamo-nos para celebrar os mistérios pascais, que nos deram vida nova e nos tornaram filhas e filhos vossos”.

A penitência espiritual: “Para renovar, na santidade, o coração de vossos filhos e filhas, instituístes este tempo de graça e salvação. Libertando-nos do egoísmo e das outras paixões desordenadas, superamos o apego às coisas da terra”.

A prática de negarmos a nós mesmos nas privações voluntárias: “Vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória. O jejum e a abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados”.

A penitência corporal: “Pela penitência da Quaresma, corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos, fortificais nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa, por Cristo, Senhor nosso”.

Novo êxodo para a Pascoa através do deserto quaresmal: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, louvar-vos, Pai santo, rico em misericórdia, e bendizer vosso nome, enquanto caminhamos para a Páscoa, seguindo as pegadas de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, mestre e modelo da humanidade, reconciliada e pacificada no amor. Vós abris para a Igreja, durante esta Quaresma, a estrada do Êxodo, para que ela, aos pés da montanha sagrada, humildemente tome consciência de sua vocação de povo da aliança. E, celebrando vossos louvores, escute vossa Palavra e experimente os vossos prodígios”.

A paixão e a cruz: “O universo inteiro, salvo pela Paixão de vosso Filho, pode proclamar a vossa misericórdia. Pelo poder radiante da Cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado”.

Os dias santos da paixão e ressurreição: “Já se aproximam os dias de sua Paixão salvadora e de sua gloriosa Ressurreição. Dias em que celebramos com fervor, a vitória sobre o antigo inimigo e entramos no mistério da nossa Redenção”.

Jesus Cristo inaugurador da penitência quaresmal: “Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a observância quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva”.

A paixão, caminho da ressurreição: “Tendo predito aos discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo o seu esplendor. E com o testemunho da Lei e dos Profetas, simbolizados em Moisés e Elias, nos ensina que, pela Paixão e Cruz, chegará à gloria da ressurreição”.

Jesus Cristo, o inocente condenado injustamente: “Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova”.

A meditação sobre estes textos nos ajudam a percorrer melhor o caminho quaresmal e nos preparam para celebrar bem a Páscoa do Senhor.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Igreja-Hoje 
Março/2021

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