“Comungando o Cristo no sacramento da Eucaristia, nos tornamos pessoas eucarísticas” afirma Dom Moacir na solenidade de Corpus Christi

“Comungando o Cristo no sacramento da Eucaristia, nos tornamos pessoas eucarísticas” afirma Dom Moacir na solenidade de Corpus Christi

O arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto, dom Moacir Silva, presidiu a Eucaristia na solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), 30 de maio, às 18h30, na Catedral Metropolitana de São Sebastião. Concelebraram os padres: João Marcos da Silva Carvalho (vigário paroquial); Antônio Élcio de Souza (mestre de cerimônias); e serviu nas funções litúrgicas o diácono Áureo João Nunes Ribeiro. Neste ano a comunidade paroquial da Catedral preparou no bolsão do estacionamento defronte as escadarias da igreja um lindo tapete colorido feito com pó de serragem.

Recordação: O texto da Recordação da Vida apresentou o sentido e a importância de vivermos a comunhão em Cristo Eucarístico. “Nós irmãos nos reunimos neste dia solene para celebrar a presença do Cristo morto e ressuscitado que por esta ceia eucarística se faz pão da vida e cálice da salvação. Cremos que esta presença é sustento e força em nossa caminhada de fé. É elo de comunhão de toda a Igreja, sinal de nossa pertença a Cristo. Celebremos, pois este mistério de amor fazendo a memória da Páscoa de Cristo e nos transformando naquele que comungamos”.

Liturgia da Palavra

A celebração da Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) glorifica o Santíssimo Sacramento e celebra o sacramento que fundamenta a nossa fé: a Eucaristia. Na Liturgia da Palavra foram proclamadas as leituras: Ex 24,3-8, Sl 115(116),12-13.15.16bc.17-18 (R. 13), Hb 9,11-15 e Mc 14,12-16.22-26. Alguns dos trechos do cântico da ‘Sequência: Terra exulta de alegria’ recordaram a instituição da Eucaristia: “Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida, vem com ela celebrar! Este pão, que o mundo o creia! por Jesus, na santa ceia, foi entregue aos que escolheu. (…) O que o Cristo fez na ceia, manda à Igreja que o rodeia repeti-lo até voltar (…) Alimento verdadeiro, permanece o Cristo inteiro quer no vinho, quer no pão. É por todos recebido, não em parte ou dividido, pois inteiro é que se dá! Um ou mil comungam dele, tanto este quanto aquele: multiplica-se o Senhor”.

Homilia

Ao iniciar a homilia, o arcebispo dom Moacir Silva, recordou que a liturgia da Palavra nos convida a olhar a Eucaristia na perspectiva da aliança estabelecida por Deus e o povo de Israel no Antigo Testamento. “A Palavra Deus, nesta liturgia, nos convida a olhar a Eucaristia, na perspectiva da Aliança; portanto como algo que exige responsabilidade das partes envolvidas na aliança, neste caso Deus e o seu Povo. A primeira leitura (Ex 24,3-8) de hoje deve ser entendida no contexto dessa mentalidade dos antigos. No texto sagrado, percebemos, que certo dia, aos pés do monte Sinai, Deus decidiu estabelecer uma aliança com Israel. Promete proteger e defender o seu povo sob o compromisso que este se empenhe em observar os seus mandamentos. Para ratificar esse juramento de mútua fidelidade, isto é, da parte de Deus e da parte do povo de Israel, realiza-se uma cerimônia. Moisés apresenta ao povo as condições apresentadas pelo Senhor, expõe os seus preceitos e os seus mandamentos e pergunta a Israel se está disposto a cumpri-lo durante todos os dias da sua vida. O povo escuta atentamente e por fim proclama a sua decisão: ‘Faremos tudo o que o Senhor nos disse’”, explicou o arcebispo.

A Aliança entre Deus e o seu povo de Israel foi selada através de Moisés, registrada nos mandamentos e confirmada na narrativa do rito sacrifical: “Moisés, então registra por escrito as palavras de Deus na base das quais foi concluída a aliança e depois providencia todos os elementos necessários para a cerimônia: constrói um altar e coloca ao redor 12 blocos de pedra. O altar representa Deus e as 12 pedras simbolizam as tribos de Israel. Depois que tudo está pronto, encarrega alguns jovens para oferecer alguns sacrifícios ao Senhor. Nesse momento a celebração atinge o seu ponto mais solene: Moisés toma o sangue das vítimas e derrama a metade sobre o altar (que representa Deus); com a outra metade ele vai aspergir o povo, dizendo: ‘Este é o sangue da aliança, que o Senhor fez convosco, segundo todas estas palavras’. A partir dessa aliança, Deus se comprometeu a proteger e defender o seu povo; por outro lado, o povo se comprometeu a viver os mandamentos do Senhor”, expressou dom Moacir.

E dom Moacir continuou a reflexão: “O povo não foi fiel a esta aliança. Por outro lado, Deus se manteve fiel; pela boca dos profetas promete fazer uma nova aliança que será cumprida com fidelidade. É a nova e eterna aliança realizada em Cristo, pois Cristo, diz a carta aos Hebreus, ‘é mediador de uma nova aliança. Pela sua morte, ele reparou as transgressões cometidas no decorrer da primeira aliança. E, assim, aqueles que são chamados recebem a promessa da herança eterna’. Cristo, verdadeiro e eterno sacerdote, oferecendo-se ao Pai pela nossa salvação, instituiu o Sacrifício da nova Aliança e mandou que o celebrássemos em sua memória”.

Na meditação do texto do Evangelho (Mc 14,12-16.22-26), o arcebispo acentuou a necessidade de conhecermos Jesus Cristo e seu projeto de salvação. “No Evangelho, instituindo a Eucaristia, Jesus disse: ‘Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos’. Corpo entregue e sangue derramado: eis aí o Dom de Cristo feito a nós, na Eucaristia. O corpo e o sangue separados no altar, sob as espécies do pão e do vinho significam o Dom total da Vida de Cristo pelos homens. ‘Sua carne imolada por nós, é o alimento que nos fortalece. Seu sangue por nós derramado, é a bebida que nos purifica’ (Prefácio). Para entender a Eucaristia é preciso entender quem é Jesus Cristo. A Eucaristia é Jesus, sua pessoa, sua vida, seu corpo e sangue entregues, por nós. Na Eucaristia estão contidas toda a vida e missão de Jesus. A Eucaristia é manifestação de Cristo: é Cristo e fala de Cristo: ‘Eu sou o pão da vida’. A Eucaristia é o memorial da auto-doação e da auto-entrega, total e irrestrita, do seu corpo e sangue por nós. ‘Isto é o meu corpo doado por vós e o meu sangue derramado por vós’”, enfatizou o arcebispo.

Outra reflexão trazida por dom Moacir na homilia nos questiona no tocante ao nosso entendimento a respeito do compromisso e testemunho presentes no ato de comungar. “A Eucaristia é o gesto mais sublime da solicitude, da estimulação e da imperiosa caridade de Jesus por nós: ‘Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim’. Eucaristia é Dom que exige responsabilidade. O que significa aproximar-se do altar para comungar o Corpo do Senhor? Todos os que se alimentam do Corpo do Senhor se tornam parte da sua própria pessoa e formam um novo povo e constituem o começo de uma nova humanidade que tem como única lei o serviço aos irmãos, até o dom da própria vida. Quem participa da comunhão se compromete diante de toda comunidade a transformar a própria vida como a de Cristo, promete uma disponibilidade em benefício dos irmãos. Para comungar com fé não é suficiente acreditar que Jesus está realmente na Eucaristia. Não se trata de exercitar-se em raciocínios, mas de tomar decisões que conduzam na prática a vivenciar as atitudes de amor e de fidelidade de Cristo”, disse o arcebispo.

Ao finalizar a homilia, dom Moacir salientou a responsabilidade trazida pelo o ato de comungar e a exigência de nos tornarmos pessoas eucarísticas. “A Eucaristia é Dom que exige responsabilidade; responsabilidade de partilhar, com os outros, os dons que cada um tem; a responsabilidade de fazer de si um dom para o bem dos outros (em casa, na família, no trabalho, na escola, enfim, onde estivermos). Comungando o Cristo no sacramento da Eucaristia, nos tornamos pessoas eucarísticas. Na Eucaristia, realiza-se o sonho de todo ser humano, a felicidade e a liberdade, que consistem em servir ao próximo, do mesmo modo como Jesus. Na oferta de sua vida, no seu sacrifício, experimentamos o amor do Senhor por cada ser humano. A Eucaristia é para todos nós, o meio privilegiado para permanecermos em Cristo e para Cristo permanecer em nós, a fim de podermos produzir muitos frutos de amor, de serviço aos irmãos, de fraternidade, de solidariedade, de santidade. Peçamos a Nosso Senhor a graça de compreender, cada vez mais, as lições, as exigências, e os apelos que a Eucaristia nos faz. Que o Cristo Jesus, nos ajude a vivermos melhor a nossa comunhão eucarística, hoje e sempre. Amém!”, concluiu o arcebispo.

Procissão e bênção: Após a Eucaristia, o arcebispo dom Moacir, os padres concelebrantes, diácono, e os fiéis saíram em procissão pelas ruas do centro de Ribeirão Preto. O Santíssimo Sacramento conduzido pelo arcebispo, em revezamento com os padres, era seguido pelos fiéis com cânticos e louvores de adoração. A chegada a Catedral se deu pelo bolsão do estacionamento, local onde foram ornamentados os tapetes para a passagem da procissão. Terminada a procissão, os fiéis se concentraram defronte as escadarias da Catedral, e o arcebispo dom Moacir Silva, após as orações, deu a bênção solene do Santíssimo Sacramento.

Texto e fotos: Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de Ribeirão Preto

 

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