Desafios da Pastoral Fé e Política na Igreja de Ribeirão Preto

Neste momento importante da política nos municípios, onde os eleitores vão às urnas para eleger os seus representantes para os próximos quatro anos em um país democrático como o Brasil, encontramos vários desafios sócio-políticos. Dentre alguns deles, destaca-se o fato deste ano viver na história, esta doença do novo coronavírus (Covid-19), que veio para mostrar ou forçar necessidades de mudanças e comportamentos sociais desafiadores para todos. Outro grande desafio foi na área da saúde, em que muitas famílias passaram por situações de angústias com seus entes levados à morte. Além dos desafios para a ciência, que se encontra em ritmo recorde para o desenvolvimento de vacinas para o combate da epidemia, e levou cientistas a criar uma rede de pesquisas em diversas áreas da saúde e até mesmo o envolvimento dos agentes neste compromisso social democrático com vistas a uma política de Saúde pública.

Políticas Públicas

Em prol da Política Pública que não pode parar, 2020 é contemplado com as eleições a vereadores e prefeitos nos municípios. Nos 20 municípios que compõem a Arquidiocese de Ribeirão Preto, contamos para este pleito com 66 candidatos masculinos a prefeito, 08 candidatas femininas a prefeita, sendo seus vices prefeitos 59 candidatos masculinos e 12 candidatas femininas, num total de 74 a prefeitos e 71 a vice-prefeitos. A diferença entres os números finais, se dá pelo fato de que no município de Cajuru não conta no site do Tribunal Superior Eleitora (TSE), 4 candidatos a vice-prefeito. Para ocupar o cargo de vereador estão cadastrados 1.740 candidatos do sexo masculino e 882 candidatas femininas (TSE, 2020).

Mudança de Estilo

Diante do cenário da pandemia, os candidatos preocupados com um novo estilo de campanha, começaram a se perguntar: como fazer e de que forma? Muitas questões a serem resolvidas, mas as criatividades foram surgindo através de muitos estudos virtuais, criação e transmissão de “lives” de grupos políticos, partidos, escolas de Fé e Política, trabalhos individuais entre outros.

A voz da Arquidiocese nas Eleições

Na Arquidiocese de Ribeirão Preto, o Arcebispo Dom Moacir Silva, no dia 21 de outubro de 2020, realizou um trabalho tendo como objetivo a participação dos candidatos a vereadores e prefeitos que exercem ou são engajados nas paróquias com trabalhos pastorais diversos. Toda a Arquidiocese foi convidada via aplicativo whatsapp e e-mail enviado pelo coordenador de pastoral, Padre Luís Gustavo Tenan Benzi, quando foi apresentado a um grupo de 62 candidatos de alguns municípios, outros convidados não confirmaram a participação.

Número de Candidaturas

Em um levantamento no site do TSE (2020), constata-se um número bem significativo de candidatos em 18 municípios da Arquidiocese: 145 a prefeito e vice-prefeito; e 2.622 à vereança, sem fazer separação de credo ou ideologia partidária.

Desafios

Para a igreja particular de Ribeirão Preto, está aí um grande desafio de aproximação junto a estes números concorrentes a cargos públicos e a vivência da fé. Na live mencionada acima, o arcebispo, muito claro no pastoreio de seu rebanho, apresentou o quinto capítulo da encíclica do Papa Francisco “Fratelli Tutti” e em uma análise de matéria publicada no site do Regional Sul 1 da CNBB, que afirma “Dom Moacir, a partir da encíclica, advertiu a necessidade de fazer do ambiente da política um exercício da caridade social e doação maior ao próximo (…) a caridade social e política foram dois pontos considerados indispensáveis pelo arcebispo para pensar e executar os projetos políticos”.

Diante desta colocação temos outro desafio despertado pelo restrito número de 62 candidatos participantes na live: Que leitura pode ser feita? Os católicos não se envolvem ou não compreendem que uma boa ação sócio-política pode e deve ser à luz da fé ou ainda em pleno século XXI a mentalidade ainda é “fé e política não se mistura”. Até quando esta mentalidade perdurará? No encontro com o arcebispo, que tem como ação pastoral aproximar do seu rebanho a função pública dos municípios, tratou os participantes com verdadeiro carisma e espera que estes passos os levem a uma ação mais profunda da fé e da política. Dentre os participantes, que fizeram contribuição de esclarecimento sobre a política e a religião com clareza, levou a todos perceber a importância de se envolver e ser igreja missionária que transforma para igualdade social, justiça e paz a partir do Evangelho. Um comentário realizado: “Dom Moacir, bom seria que tivesse padre para acompanhar”. Diante do fato percebe-se a necessidade de que ações sejam feitas de divulgação da ação da Pastoral de Fé e Política, por talvez ser um tabu entre os católicos que afirmam não gostar de política ou que política e fé não se misturam, acaba ser vulnerável uma ação que deve transformar, formar e acolher as diversidades de ideologias partidárias, assim como vejo as ideologias de movimentos pastorais em sua ação.

A Política Melhor

“O Papa Francisco afirma que: a boa política está a serviço da paz, respeito e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre gerações do presente e as futuras” (CNBB, 2020, p. 4). Diante desta afirmação do papa, me pergunto por que existe esta divergência entre a fé e política, entre a realidade social e a ação pastoral? A política é um bem necessário para a democracia e o desenvolvimento social e a fé é a luz que nos faz ser diferentes e melhores nestas ações. Por que não caminhar juntas para a causa do próximo e principalmente os mais vulneráveis da sociedade onde diz ser democrática. A democracia só pode ser um bem comum quando se coloca ao lado de todos, sem distinção de classes e credo ou ideologias partidárias.

Conclui o arcebispo “quero estar perto de vocês para apoiá-los na sua vocação”. Para que nos próximos anos possa ser diferente é necessário que também estejamos perto do pastor, pois um rebanho sem pastor vem o maligno e rouba, não deixemos que o maligno da politicagem ou politiqueiros (as) roubem a essência da justiça e da dignidade de uma ação pastoral de políticas públicas iluminada pela fé.

Pe. Manoel Ap. do Espírito Santo
Assessor Arquidiocesano da Pastoral Fé e Política

Colaboração: Míria Aparecida da Silva Campos e Carlos Eduardo Duarte Moreira (Pastoral Fé e Política)

 

Referências Bibliográficas

CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Cartilha de Orientação Política. 2020. p. 4.

Https://CNBBSUL1.org.br/com-inspiração-na-ratteli-tutti-arcebispo-fala-a candidatos-sobre-a-política-melhor/ 27/10/20.

TSE – Tribunal Superior Eleitoral. Eleições 2020. Disponível em: https://www.tse.jus.br/ Acesso em: 27 out. 2020.

Veja também:

Escala Diaconado Permanente – Exéquias – Mês de SETEMBRO 2023

A Associação dos Diáconos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (ADPARP) divulga a Escala de Exéquias (Celebração Exequial nos Velórios) para o mês de SETEMBRO de 2023 (final de semana e segunda-feira) para atendimento nos velórios de Ribeirão Preto. Este serviço faz parte do Ministério da Caridade aos que os diáconos são chamados a realizar