Dom Manuel: as obras em favor da Igreja Particular (1946-1950)

Padre Manuel. Imagem: Arquivo Metropolitano

No início do ano de 1940, chegava à diocese de Ribeirão Preto um jovem bispo com o objetivo de auxiliar pastoralmente Dom Alberto José Gonçalves, já enfraquecido pela idade. Dom Manuel da Silveira D’Elboux exerceu primeiramente o seu ministério episcopal nas terras de Ribeirão Preto, conhecendo a realidade da Igreja que crescia no interior paulista. Ao ser nomeado o segundo bispo diocesano, constantemente se esforçou para criar instituições e favorecer as condições para a formação doutrinária do clero e dos fiéis.

Nascido em Itu/SP, em 1904, desde a adolescência Manuel demonstrava habilidades musicais e futebolísticas, além da intrínseca piedade religiosa. “Desportista inveterado em exercícios físicos, devotíssimo cristão na vida espiritual”, assim o definiu seu tio, Monsenhor Florêncio da Silveira Camargo, que o acompanhou em seu ingresso no Seminário da Luz, em São Paulo, aos 21 anos. Anos depois, em 15 de agosto de 1931, ele foi ordenado presbítero. Passou a exercer funções magistrais no Seminário e a atuar como secretário particular do arcebispo de São Paulo.

Sagração de D. Manuel, São Paulo, em 1940. Imagem: Arquivo Metropolitano.

Em janeiro de 1940 foi nomeado Bispo Titular de Barca e Auxiliar de Dom Alberto José Gonçalves e foi, então, que Dom Manuel chegou a Ribeirão Preto. Em sua pastoral, continuou a realizar as visitas às paróquias, incentivando as congregações marianas e preparando o 1º Congresso Eucarístico Diocesano que se aproximava. Ademais, esteve à frente da abertura do Seminário Maria Imaculada.

Posse de D. Manuel em 1946 – Imagem: Dom Manuel da Silveira D’Elboux: vida e obra, 1972.

Com a morte de Dom Alberto, em maio de 1945, Dom Manuel foi eleito vigário-capitular para administrar a diocese no período de vacância. O Papa Pio XII, desse modo, nomeou-o como segundo bispo de Ribeirão Preto e iniciou-se uma nova fase na história diocesana. Nesse sentido, escreve Pe. Francisco de Assis Correia:

“Se o primeiro período da Diocese de Ribeirão Preto – tempo de Dom Alberto – foi marcado pela implantação da Igreja Particular, com seu patrimônio, suas paróquias, suas associações e irmandades […], o segundo período – tempo de Dom Manuel – foi marcado por uma maior espiritualização e insistência na formação daquilo que já existia”.

Clero reunido com o bispo. Imagem: Museu do Seminário Maria Imaculada – Brodowski.

Durante seu governo, a população citadina crescia na região à medida que a industrialização demandava, em um processo iniciado durante a Era Vargas. Assim, o operariado se espraiava e Dom Manuel, atento a isso, criou e passou a assistir espiritualmente o Círculo Operário Ribeirão-pretano, da mesma forma que dinamizou a Ação Católica, amparado na propositura da Doutrina Social da Igreja.

Foto oficial de D. Manuel – Imagem: Arquivo Metropolitano.

Por sua determinação, o jornal Diário de Notícias foi adquirido pela diocese, de modo que se tornou seu oficial meio de comunicação e, para a instrução doutrinal, Dom Manuel desejou que fosse organizada uma livraria. Ele comprou a Chácara São José a fim de construir o seminário menor – no território do conjunto habitacional em que hoje leva seu nome. Sob seu crivo, criaram-se instituições visando o atendimento socioeducativo, como a Liga das Senhoras Católicas, e de assistência aos docentes, a exemplo do Centro do Professorado Católico.

Para o cuidado das meninas órfãs, foi fundado o Lar Sant’Ana, em 1948, tendo o bispo delegado o serviço caritativo às Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. Também, às Missionárias de Jesus Crucificado confiou o cuidado das crianças de primeira infância na Creche Santo Antônio.

Em 1950, Dom Manuel foi comunicado sobre sua nomeação de arcebispo de Curitiba. Permaneceu por mais dois anos como administrador apostólico da Diocese de Ribeirão Preto, até quando Dom Luís do Amaral Mousinho foi eleito o novo bispo diocesano, em de março de 1952. Em sua despedida, Dom Manuel escreveu aos diocesanos: “Que esta terra vermelha de vosso solo seja o símbolo de vosso amor ardente para com Deus”.

D. Manuel, formadores e seminaristas. Imagem: Museu do Seminário Maria Imaculada – Brodowski.

Faleceu em Curitiba em 1970, ainda em seu exercício episcopal. Nos dez anos em que passou em Ribeirão Preto, especialmente durante seu governo, Dom Manuel da Silveira D’Elboux demonstrou seu esforço em criar as condições para a formação intelectual e espiritual do povo diocesano. Por isso, é-lhe atribuído o nome do Arquivo Metropolitano da Arquidiocese.

Bruno Paiva Meni
Arquivo Metropolitano “Dom Manuel da Silveira D’Elboux”

Cruzada Eucarística Infantil. Colégio Nossa Senhora das Graças em Franca – Imagem: Museu do Seminário Maria Imaculada – Brodowski.

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