Dom Moacir aos fiéis no Domingo de Ramos: “vivamos intensamente as riquezas que a Semana Santa nos oferece”
A Catedral Metropolitana de São Sebastião, deu início as celebrações da Semana Santa, no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, 13 de abril, com a concentração na Capela do Colégio Auxiliadora, em Ribeirão Preto, para o rito e a bênção dos Ramos. O arcebispo dom Moacir Silva, abençoou os ramos e, após a proclamação da leitura do Evangelho, houve o início da procissão e a continuidade dos ritos da missa na Catedral. Concelebrou o pároco, padre Francisco Jaber Zanardo Moussa, e serviu na liturgia o diácono Áureo João Nunes Ribeiro.
Homilia
Na introdução homilia o arcebispo Dom Moacir falou sobre o sentido da celebração do Domingo de Ramos onde a liturgia nos apresenta o significado da vida cristã. “A liturgia deste Domingo de Ramos, nos convida a contemplar nosso Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo, a maldade e o pecado fossem vencidos. Por Jesus, Deus ofereceu-nos a possibilidade de uma Vida nova”, explicou o arcebispo.
Na primeira leitura, dom Moacir explica o drama do profeta e sua confiança em Deus diante do sofrimento e da perseguição, que viram nele a “figura de Jesus”. “A primeira leitura traz-nos a palavra e o drama de um profeta, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste ‘servo de Deus’ a figura de Jesus. Os primeiros cristãos vão utilizar este texto como chave para interpretar o mistério de Jesus: Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida para trazer a salvação aos homens… A vida de Jesus realiza plenamente esse destino de dom e de entrega da vida em favor de todos; e a sua glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na ressurreição que gera Vida nova. No entanto, talvez esta concepção da vida nos pareça estranha e incongruente face àquilo que vemos acontecer todos os dias à nossa volta… Como é que me situo face a isto? Acredito que uma vida gasta como a de Jesus ou a do profeta/servo da primeira leitura deste domingo é uma vida com sentido e que conduz à Vida nova?”
Na segunda leitura encontramos um famoso e belo hino com traço cristológico, como nos fala dom Moacir: “A segunda leitura nos traz um belo hino onde ecoa a catequese primitiva sobre Jesus. Fiel ao projeto do Pai, Ele desceu ao encontro dos homens, viveu a vida dos homens e sofreu uma morte atroz por amor aos homens. Mas a sua vida não foi desperdiçada: Deus O exaltou, mostrando que o caminho que Ele seguiu é o caminho que conduz à Vida. É esse mesmo caminho que somos desafiados a percorrer”.
No Evangelho (Lucas 22,14-23,56) dom Moacir salientou as características trazidas pelo evangelista ao apresentar o processo de condenação e morte de Jesus Cristo. “O Evangelho nos relata a paixão e morte de Jesus. É o momento culminante de uma vida gasta a concretizar o projeto salvador de Deus: libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo, escravidão, sofrimento e morte. Na cruz onde Jesus ofereceu a sua vida até à última gota de sangue, revela-se o incomensurável amor de Deus por nós; na cruz, Jesus nos disse que o amor até o extremo gera Vida nova e eterna”.
Dom Moacir ainda destacou outros pontos relevantes trazidos pelo evangelista a respeito da morte de Jesus. “A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida. Desde cedo, Jesus percebeu que o Pai O chamava a uma missão: anunciar um mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Jesus chamava a esse mundo novo ‘o Reino de Deus’. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina ‘fazendo o bem’ e anunciando a proximidade do Reino de Deus. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o ‘Reino’; e avisou os ‘ricos’ (os poderosos, os prepotentes, os instalados) de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência e o fechamento só podiam conduzir à morte”, comentou o arcebispo.
O arcebispo continuou a meditação do Evangelho indicando o sentido da morte de Jesus associado a missão salvífica e a vivência do amor. “Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus a quem o amor tornou frágil… Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu a mordida das tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar, até ao último suspiro, até à última gota de sangue. Esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos fiéis. É esse amor ilimitado e inacreditável que vemos quando olhamos para a cruz de Jesus? E o amor de Jesus, expresso na cruz, torna-se lição que nós acolhemos e que transformamos em gestos concretos de dom e de serviço para os que caminham conosco?”
Dom Moacir na continuidade da homilia refletiu a respeito do sentido de contemplarmos a cruz e as atitudes que este gesto deve revelar para nós. “Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade. Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste modo pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição. A contemplação da cruz de Jesus leva-nos ao compromisso com a transformação do mundo? A contemplação da cruz de Jesus faz com que nos sintamos solidários com todos os nossos irmãos que todos os dias são crucificados e injustiçados? A contemplação da cruz de Jesus dá-nos a coragem para lutarmos contra tudo aquilo que gera sofrimento e morte, mesmo que isso implique correr riscos, ser incompreendido e condenado? Aproveitemos esta Semana Santa para pensar seriamente nisso”.
A finalizar a homilia, o arcebispo convidou os fiéis a colaborarem na Coleta da Solidariedade e a viverem intensamente a Semana Santa: “Diante desse infinito amor de Deus por nós, hoje somos chamados a ser solidários, participando da Coleta Nacional da Solidariedade, o gesto concreto da Campanha da Fraternidade. Com este gesto concreto ajudaremos muitos irmãos e irmãs de nossa Arquidiocese e do Brasil, por meio dos Projetos que serão apresentados ao Fundo de Solidariedade. Queridos irmãos e queridas irmãs, vivamos intensamente as riquezas que a Semana Santa nos oferece. Deixemo-nos envolver pelo mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Amém”, finalizou o arcebispo.
Semana Santa
Semana Santa: De 13 a 20 de abril as comunidades paroquiais vivem a espiritualidade da Semana Santa, especialmente o Tríduo Pascal, em preparação a festa da Páscoa na Ressurreição do Senhor. Uma extensa programação foi preparada pelas paróquias, por isso, vamos nos preparar e viver com ardor a fé em Cristo Ressuscitado.
Acesse a Programação da Semana Santa nas Paróquias:
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Arquidiocese de Ribeirão Preto