“E a Palavra habitou entre nós”

De 12 a 16 de abril de 2021, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, no formato online, a 58ª Assembleia Geral, com o tema central: “E Palavra habitou entre nós” para impulsionar mais a Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias. O texto, refletido e aprimorado nesta Assembleia Geral, será publicado na Coleção Estudos da CNBB; assim, ele poderá chegar às nossas comunidades para estudarmos e enriquecê-lo ainda mais; ele voltará para a 59ª Assembleia Geral para ser aprovado como Documento da CNBB. Com este processo, avançamos no caminho sinodal da Igreja no Brasil.

O texto é constituído por uma introdução, sete capítulos e uma conclusão. Em nossos dias, torna-se indispensável estabelecer e fortalecer, em pessoas e comunidades, o vínculo entre a Palavra de Deus e a vida, tornando a ação pastoral cada vez mais alicerçada no contato fecundo com a Escritura Sagrada. É o encontro com o Senhor Ressuscitado que, na força do Espírito, conduz à Igreja, comunidade dos discípulos e discípulas e torna essa grande comunidade sempre mais missionária na vivência e no anúncio da Palavra de Deus.

O primeiro capítulo chama nossa atenção para um fato: “a Palavra fala da Palavra”. Somos uma Igreja em caminho, atravessando a história, aproximando-se de cada pessoa. Foi exatamente este o percurso de Jesus, quando esteve entre os seus. Os evangelistas perceberam a grandeza da Palavra no ministério de Jesus. Por isso os três sinóticos dedicaram-se a conferir grande importância à Parábola do Semeador (Mc 4,1-9; Mt 13,1-9; Lc 8,4-8). Curiosamente os três realçam que o próprio Senhor é também o seu intérprete (Mc 4,13-20; Mt 13,18-23; Lc 8,11-15). Afinal, para os discípulos a temática da Palavra é de tal modo essencial que ninguém pode lhe reconhecer outro sentido que não aquele atribuído pelo próprio Mestre e Senhor. Aliás, o evangelista Mateus, reconhecido por sua habilidade catequética, enfatiza que é o próprio Jesus a tomar a iniciativa de interpretar (Mt 13,18ss). Esta particularidade é interessante, pois se trata justamente de uma parábola a respeito da Palavra de Deus.

O segundo capítulo nos lembra que “é tempo de semear”. Hoje, mais do que nunca, faz-se, pois, necessário propor aos fiéis a Palavra de Deus como dom do Pai para o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho de autêntica conversão e de renovada comunhão e solidariedade. Esta proposta será mediação de encontro com o Senhor se a Palavra revelada, contida na Escritura for apresentada como fonte de evangelização (cf. DAp 248).

Já o capítulo terceiro, adverte sobre “a Palavra de Deus e os desafios à semeadura”. Como se percebe na parábola do semeador, o agricultor é zeloso, a semente é fecunda e generosa, mas alguns terrenos apresentam desafios à semeadura. Por isso, é importante ter clareza sobre os desafios que o tempo presente suscita à semeadura. São desafios que, de algum modo, sempre estiveram presentes na ação evangelizadora. Em nossos dias, porém, eles têm exigido maior atenção.

O capítulo quarto convida a reconhecermo-nos como “semeadores à semelhança do Bom Semeador”. Somente quem se apaixonar por Jesus, tendo feito e vivendo uma experiência de fé que aquece, ilumina e transforma a vida, testemunha sua fé como membro ativo da Igreja, como discípulo missionário.

O capítulo quinto chama nossa atenção para “a Palavra de Deus em diversos tipos de terreno”. O Concílio Vaticano II na Constituição Sacrosanctum Concilium reconhece que a presença de Cristo na vida eclesial encontra, nas celebrações litúrgicas, o momento privilegiado (SC 7). Entre todos os terrenos onde a Palavra é semeada, esse deve receber uma atenção especial para tornar concretas as solenes declarações dos documentos eclesiais.

O capítulo sexto recorda: “a Palavra de Deus: acolhida e semeadura”. A parábola do semeador, generoso no lançar as sementes em diversos tipos de terreno, ensina que somente as sementes que caíram em bom terreno produzem com largueza. E Jesus explica: “O que foi semeado na terra boa é quem ouve a palavra e a entende; esse produz fruto: um cem, outro sessenta, outro trinta” (Mt 13,23). A capacidade de acolhida da Palavra é questão fundamental.

O capítulo sétimo nos impulsiona para a “animação bíblica da pastoral e sua implantação”. Implantar a Animação Bíblica da Pastoral não se restringe a um tempo de campanhas, mas estabelecer um conjunto de ações que ajudem a que a Escritura Sagrada se faça mais presente na vida de uma diocese, uma paróquia, associação, pastoral ou movimento. Campanhas têm começo, meio e fim. Destinam-se a uma finalidade bem específica. São diferentes de processos, que, para serem deslanchados, necessitam de adequação à realidade local, acompanhamento contínuo, longa duração e envolvimento de todas as forças evangelizadoras. Destinam-se à mudança de mentalidade. Por isso, não podem ficar restritos a pequenos períodos, mas, ao contrário, tendem a uma longa duração, acontecendo em etapas bem planejadas e continuamente revisadas.

Por fim, trazendo na mente e no coração a Parábola do Semeador e sua explicação pelo próprio Senhor, a Igreja no Brasil é convocada a unir forças e, na consolidação das comunidades eclesiais missionárias, investir assertivamente na Animação Bíblica da Pastoral.

Desejo que esta rápida apresentação desperte nos fiéis e comunidades de nossa Arquidiocese o interesse para se debruçar sobre esta palavra do episcopado brasileiro, tão importante para nossa ação evangelizadora.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Informativo Igreja-Hoje – Maio/2021

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