Bicentenário da Igreja Bom Jesus da Cana Verde

No declinar do século XVI, por volta de 1592; 1594; 1599 já se é mencionado a “paragem dos Batataes”. Provavelmente essa paragem tenha sido iniciada por índios que povoavam a nossa região, mais precisamente os índios caiapós. Tais índios viviam da caça, pesca e do cultivo de batata, milho, mandioca, legumes e frutas. Daí surge uma das hipóteses da origem do nome Batatais.

De origem portuguesa, Batataes é o plural de Batataes. O mais improvável é o tupi-Guarani, Mboitatá, que significa cobra de fogo, uma crença indígena de um suposto protetor dos campos, ou ainda, Mbai-itá-itá que significa quedas de degraus em degraus, fazendo menção ao som de águas em pedras, queda de água em despenhadeiros. Menos improvável porque as quedas ou cachoeiras da nossa região não são impotentes e medanhas na altura.

Pelos caminhos dos índios adentraram, o interior paulista, os Bandeirantes e fizeram paradas nas comunidades indígenas. Claro que nada pacificamente, os Bandeirantes dizimaram os índios e os que sobraram foram cristianizados; catolicizados e inculturados nos costumes europeu.

Diz o ditado popular: “Há males que vem para bem”, isso é bem verdade para a nossa realidade histórica de Batatais, pois, se não houvesse padres nas bandeiras a nossa história teria começado muito tarde.

Com a descoberta das minas de Goiás, a paragem dos Batataes sofreu variações na denominação; de paragens para Caminhos Batataes, depois Caminho dos Goiases e Sertão dos Batataes. Ainda por ocasião da descoberta das riquezas de Goiás, a Coroa Portuguesa, concedeu, aos bravos homens das Bandeiras e da Igreja, como recompensa, ou prêmio, sesmarias, ou fazendas, ou glebas, ou lotes de terras; para, também povoar este caminho, ou este sertão dos Batataes e de Goiás.

Encontra-se no diário de Silva Braga, um dos componentes da bandeira de Bartholomeu Bueno da Silva, o Anhanguera filho, a presença de três padres acompanhando a Bandeira, são eles: Fr. Antonio da Conceição; Fr. Luiz de Sant’Anna e Fr. Cosme de Santo Andre. Isso aconteceu no ano de 1722, disso podemos concluir que esses padres já passavam batizando, confessando, casando e celebrando a Santa Missa para os moradores do Caminho dos Batataes.

A primeira sesmaria dada no “Caminho dos Batataes” posteriormente “Caminho dos Sertões dos Goiases”, foi em 1726 para Bartholomeu Bueno da Silva, o Anhanguera filho. E a primeira sesmaria dada nos “Campos dos Batataes” foi dada a Pedro da Rocha Pimentel no dia 05 de agosto de 1728 e em 7 de junho de 1742 o mesmo Pedro da Rocha Pimentel recebeu uma segunda gleba de terra na “Paragem dos Batataes”. Torna-se importante para a nossa história religiosa, anotarmos aqui, que em 15 de novembro de 1668 foi doado uma sesmaria para os Religiosos de São Bento, que ficava localizada nos Campos que vai para o Sertão dos Lancros e Batataes. Aqui torno a repetir a importância do “Caminhos dos Batataes” para se atingir as riquezas de Goiás.

Uma trilha indígena; por onde passou os Bandeirantes, com a descoberta de Goiás em 1592 passou a ser “Paragem”. Em 1606 já citado como “Caminho”; em 1650 “Caminho dos Sertões”; em 1668 “Sertão dos Batatais” e em 1728 já com sesmarias conhecido como “Campo dos Batatais”. Dessa forma Batataes foi ganhando espaço povoação e grandeza. De sesmaria, para glebas, fazendas, sítios, povoado, freguezia, arraial, vila e cidade.

Com a abertura das sesmarias e fazendas surgem os posseiros. Dos muitos posseiros, podemos citar apenas três que foram de suma importância para a nossa história. São eles: Manoel Bernardes do Nascimento, que foi dono da fazenda Batataes, recebendo-a de Jerônimo Alves da Silva. Padre Manoel Pompeo de arruda, que se tornou o primeiro pároco da Freguezia dos Batataes; era dono da fazenda Retiro. Alfares Antonio José Dias que foi proprietário da fazenda Paciência e Germano Alves Moreira que era dono das Fazendas São Pedro e a de Sant Anna; que mais tarde, em 10 de agosto de 1822 doou as terras da fazenda do Campo Lindo das Araras para transferência do povoado e construção da nova igreja matriz do Senhor Bom Jesus dos Batataes. A escritura de doação se encontra no livro 1 de tombo da paróquia, fls 19 vs.

Com o avanço da agricultura dessas fazendas e a descoberta de riquezas em outras terras o povoado do “Caminho dos Batatais” foi aumentando e junto com o crescimento populacional foi surgindo a necessidade da assistência espiritual. Por isso em 1810 Manoel Bernardes do Nascimento e Alferes Antonio José Dias escreveu para o bispado de São Paulo pedindo a criação de uma freguesia na “Paragem dos Batataes”.

 

Fonte: Pe. Pedro Ricardo Bartolomeu Pároco de Bom Jesus da Cana Verde – Batatais

Veja também:

Dom Moacir convoca católicos para Ato e Momento de Oração em Defesa da Vida

O arcebispo metropolitano, Dom Moacir Silva, convoca padres, diáconos, religiosos e religiosas, fiéis das comunidades paroquiais, a participarem no próximo domingo, 24 de setembro, às 16h, nas confluências das Avenidas Presidente Vargas e João Fiúsa, em Ribeirão Preto, de Ato e Momento de Oração em Defesa da Vida