A Capela Central do Seminário Maria Imaculada, em Brodowski, acolheu a celebração do Jubileu da Cultura e Educação e abertura do ano letivo do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (Cearp), em 10 de fevereiro, às 19h30, presidida pelo arcebispo dom Moacir Silva. A celebração jubilar contou com a organização do Cearp, e recebeu a presença de padres professores, autoridades civis e políticas ligadas a cultura, e seminaristas das casas formativas: Seminário Maria Imaculada, Seminário Propedêutico Bom Pastor (Arquidiocese de Ribeirão Preto); Seminário São Francisco de Assis (Diocese de Ituiutaba MG); Seminário São João Maria Vianney (Diocese de São João da Boa Vista); Seminário Nossa Senhora do Carmo (Diocese de Jaboticabal); Seminários Nossa Senhora do Patrocínio e São José (Diocese de Franca); e Casa de Formação Santa Madalena de Canossa (Congregação dos Filhos da Caridade Canossianos).
De acordo com a Comissão Especial para o Jubileu Ordinário 2025 a proposta para este jubileu contemplava os seguintes aspectos: “A celebração do Jubileu da Cultura e Educação almeja ser momento e sinal de fé, esperança e caridade, pois, em nossa essência humana e divina, sempre estamos à procura do sentido da vida e de nossa existência; para nós cristãos, só em Jesus, o Cristo, a vida tem sentido verdadeiro e pleno. A cultura e a educação são caminhos privilegiados que nos humanizam e simultaneamente nos inserem na dinâmica do amor de Deus Uno e Trino, e, como afirma o Papa Francisco, ‘o saber requer uma semeadura diária que, mergulhando nos sulcos da realidade, dá fruto’. Que, na comemoração deste Jubileu, como ‘Peregrinos de Esperança’ que somos, cultivemos em nossa vida e ações cotidianas as realidades evangélicas do encontro, diálogo, serviço, perdão, misericórdia e, acima de tudo, Amor, vivendo, em nosso cotidiano, a experiência de que Deus é Amor (cf. 1Jo 4,8)”.
Na homilia, dom Moacir fez referência a importância da caminhada educacional e citou os gestos fundamentais para viver o ano da graça do Senhor. “Queridos irmãos e queridas irmãs! Que bom estarmos aqui reunidos, celebrando o Jubileu da Cultura e Educação. Temos consciência de que a cultura e a educação são caminhos privilegiados que nos humanizam e simultaneamente nos inserem na dinâmica do amor de Deus Uno e Trino. No Evangelho, que acabamos de ouvir, temos a proclamação do Jubileu, o ano da graça do Senhor, que Jesus fez na sinagoga de Nazaré, iniciando o seu ministério. ‘Nas palavras de Jesus, o horizonte do Ano Santo torna-se o paradigma da vida do cristão que amplia e abrange todos aqueles sofrimentos que são o programa da missão de Cristo e da Igreja. O ‘ano da graça do Senhor’, isto é, da sua salvação, inclui quatro gestos fundamentais: evangelizar os pobres; a liberdade; devolver a visão aos cegos e a libertação das opressões’” (Cardeal Ravasi – Jubileu, história e raízes na Sagrada Escritura), expressou o arcebispo.
Dom Moacir ampliou a reflexão ao falar que o tema do ano jubilar condensa um programa de evangelização. “‘Peregrinos de esperança!’. A esperança não decepciona porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado (cf. Rm 5). Peregrinos de esperança. Em dois termos está condensado um programa de anúncio e testemunho que os cristãos são chamados a fazer seu por ocasião do Ano Santo. Serão capazes disso? Esta pergunta não é retórica. Perguntar-se se os cristãos sabem o que é a esperança e como vivê-la é uma questão não só legítima, mas necessária no atual contexto de profunda crise religiosa. O tema da esperança é de tal forma vasto que requer necessariamente uma síntese para se conseguir, pelo menos, uma visão de conjunto, sem ceder à tentação de se dispersar em caminhos secundários”, explicou o arcebispo.
Segundo o arcebispo a esperança insere-se num contexto marcado pela exuberância da tecnologia diante de um empobrecimento da humanização. “Por que a esperança? Vivemos num contexto cultural e social que permite verificar uma situação paradoxal. Por um lado, parece que a humanidade está progredindo cada vez mais em direção ao melhor. O ‘progresso’ é o termo mais recorrente nos nossos discursos e hoje o primado da tecnologia é da casa. Por outro lado, assistimos todos os dias a uma degradação das relações interpessoais e a uma crescente pobreza. Estes dois exemplos, por si só, poderiam bastar para perceber que o ‘progresso’ em direção ao melhor é marcado por impedimentos que corroem a vida social. É um fato. O progresso científico e a tecnologia enchem de esperanças os nossos discursos quotidianos. Podemos afirmar tranquilamente que a mentalidade científica diminuiu em grande medida a necessidade da esperança. A tecnologia produz instrumentos que nos habituam a ficar presos ao presente; não tem problema em fornecer respostas imediatas que afastam a espera e tornam todo o desejo ineficaz. A expectativa de uma solução positiva fornecida, por exemplo, pela medicina entra com pretensiosa valentia nos nossos pensamentos, iludindo-nos de que a solução foi encontrada. As esperanças que quotidianamente temos, infelizmente, podem facilmente deparar-se com a desilusão, porque muitas vezes se desfazem perante a impossibilidade de se realizarem, perdendo o significado e a força que nelas foram colocados”.
O arcebispo aprofundou o entendimento sobre a verdadeira esperança que nos permite confiar em Deus. “A esperança é de todos, não exclui ninguém. Quem poderia viver sem esperança? Mas o que está por detrás desse nome? O que é realmente a esperança? O que significa esperar? Perguntas nada óbvias que exigem uma resposta. O conceito de esperança implica uma perseverança ativa que, com tenacidade, não desiste de confiar na promessa de Deus. Em todo o caso, o conceito veterotestamentário de esperança nunca se refere a uma expectativa genérica do futuro; é sempre qualificada com ‘boa’ ou ‘má’. Uma primeira distinção que se verifica é precisamente a que existe entre a esperança do futuro e o medo do futuro. Essa distinção mostra que a esperança é sempre a expectativa de um bem, e está relacionada com a confiança em Deus, em quem se deve procurar refúgio”, disse dom Moacir.
E, ao concluir a homilia dom Moacir rezou: “Por fim, deixemo-nos, desde já, atrair pela esperança, consentindo-lhe que, por nosso intermédio, se torne contagiosa para quantos a desejam. Possa a nossa vida dizer-lhes: ‘Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor’ (Sl 27, 14). Que a força da esperança encha o nosso presente, aguardando com confiança o regresso do Senhor Jesus Cristo, a Quem é devido o louvor e a glória agora e nos séculos futuros. Amém!”
Exposição: Antes dos ritos finais, o padre Neuber Johnny Teixeira, Curador do Museu Arquidiocesano Dom Arnaldo Ribeiro, fez uma breve apresentação da sexta exposição do museu intitulada: “A celebração dos Jubileus Ordinários na Igreja Particular de Ribeirão Preto”, seguida dos agradecimentos. Depois da bênção os participantes seguiram para a visita ao museu.