Jubileu de Ouro do Mês da Bíblia

Neste ano comemoramos os 50 anos do Mês da Bíblia aqui no Brasil. A cada ano, o Mês da Bíblia reflete sobre um livro bíblico. Neste ano, o tema escolhido para estudo é a Carta aos Gálatas, com a inspiração bíblica: “pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28d).

O Papa Francisco tem dedicado suas catequeses, nas Audiências Gerais de quarta-feira, desde 23 de junho deste ano, ao estudo da Carta aos Gálatas. Na primeira catequese o Papa disse: “É uma Carta muito importante, diria até decisiva, não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho. Nesta Carta, Paulo faz muitas referências biográficas que nos permitem conhecer a sua conversão e a decisão de dedicar a vida ao serviço de Jesus Cristo. Também trata de algumas temáticas muito importantes para a fé, tais como a liberdade, a graça e o modo de vida cristão, que são extremamente relevantes pois tocam muitos aspetos da vida da Igreja de hoje. Esta é uma Carta muito atual. Parece ter sido escrita para os nossos tempos”.

Na segunda catequese, o Papa lembra que “Paulo sente-se obrigado a recordar aos Gálatas que é um verdadeiro apóstolo não por causa do seu mérito, mas devido ao chamado de Deus. Ele próprio conta a história da sua vocação e conversão, que coincidiu com a aparição do Cristo Ressuscitado durante a viagem a Damasco (cf. At 9, 1-9). É interessante notar o que ele diz sobre a sua vida antes desse acontecimento: ‘com que excesso perseguia a Igreja de Deus e a assolava; excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições dos meus pais’ (Gl 1, 13-14). Paulo ousa dizer que ultrapassou todos no judaísmo, era um verdadeiro fariseu zeloso, ‘irrepreensível na justiça que vem da observância da lei’ (Fl 3, 6). Por duas vezes enfatiza que tinha sido um defensor das ‘tradições dos pais’ e um ‘crente firme na lei’. Esta é a história de Paulo.”

Na terceira catequese o Papa lembra: “Quando se trata do Evangelho e da missão de evangelizar, Paulo entusiasma-se, deixa-se arrebatar. Parece não ver nada além desta missão que o Senhor lhe confiou. Tudo nele é dedicado a este anúncio, e ele não tem outro interesse a não ser o Evangelho. É o amor de Paulo, o interesse de Paulo, o ofício de Paulo: anunciar. Chega a ponto de dizer: ‘Cristo não me enviou a batizar, mas a pregar o Evangelho’ (1 Cor 1, 17). Paulo interpreta toda a sua existência como um chamado a evangelizar, a fazer conhecer a mensagem de Cristo, a fazer conhecer o Evangelho: ‘Ai de mim – diz – se não evangelizar’ (1 Cor 9, 16). Paulo não pensa nos ‘quatro evangelhos’, como é espontâneo para nós. Com efeito, quando envia esta Carta, nenhum dos quatro evangelhos tinha sido escrito. Para ele, o Evangelho é o que ele prega, isto chama-se o querigma, isto é o anúncio. E qual anúncio? Da morte e ressurreição de Jesus como fonte de salvação. Um Evangelho que se exprime com quatro verbos: ‘Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas’ (1 Cor 15, 3-5). Este é o anúncio de Paulo, o anúncio que nos dá vida a todos. Este Evangelho é o cumprimento das promessas e a salvação oferecida a todos os homens. Quem o recebe reconcilia-se com Deus, é acolhido como um verdadeiro filho e recebe em herança a vida eterna”.

“Pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) é a inspiração bíblica para o Mês da Bíblia nos seus 50 anos. O Mês da Bíblia, com seus subsídios, é um valioso instrumento para a animação bíblica da pastoral, proposta pela Conferência de Aparecida, abordada no Sínodo sobre a Palavra de Deus e destacada por Bento XVI na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini. Mas o que se pretende com a Animação Bíblica da Pastoral?

Segundo o “Estudos da CNBB” número 114 cujo título é “A animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”, por animação bíblica se pretende dizer que “todos os agentes evangelizadores, sejam eles bispos, padres, religiosos(as), catequistas, ministros(as) extraordinários(as), coordenadores(as), administradores(as) de quaisquer instituições eclesiásticas, todos tenham o ânimo, a seiva interior originada do encontro com o Senhor mediante a Palavra. E quem o encontra, se alegra, passa a compreender e interpretar a realidade com os critérios de sua palavra. É o caminho da conversão pastoral”.

Vivamos intensamente o Mês da Bíblia neste seu Jubileu de Ouro.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Informativo Igreja-Hoje – Edição N. 348
Setembro/2021

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