Missionários da esperança entre os povos
Neste Ano Jubilar 2025 celebramos o 99º Dia Mundial das Missões. A Campanha Missionária de 2025, coordenada pela Pontifícia Obras Missionárias (POM), traz para reflexão o tema: “Missionários da esperança entre os povos”, escolhido pelo Papa Francisco em sintonia com o Jubileu da Esperança, e o lema: “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). A Campanha Missionária convida os fiéis a serem portadores da esperança que vem de Cristo em meio às realidades do mundo.
A mensagem do saudoso Papa Francisco tem como tema central a esperança: “Para o Dia Mundial das Missões deste Ano Jubilar 2025, cuja mensagem central é a esperança (cf. Bula Spes Non Confundit, 1), escolhi o lema ‘Missionários da esperança entre os povos’ que recorda, a cada um dos cristãos e a toda a Igreja, comunidade dos batizados, a vocação fundamental de ser mensageiros e construtores da esperança nas pegadas de Cristo. Faço votos de que seja um tempo de graça para todos, na companhia do Deus fiel que nos regenerou em Cristo ressuscitado ‘para uma esperança viva’ (cf. 1Pd 1, 3-4). Desejo recordar alguns aspectos relevantes da identidade missionária cristã, para nos deixarmos guiar pelo Espírito de Deus e arder no santo zelo por uma nova estação evangelizadora da Igreja, enviada a reanimar a esperança em um mundo sobre o qual pairam densas sombras (cf. Fratelli Tutti, 9-55)”.
O primeiro aspecto recordado por Francisco indica: “ Nas pegadas de Cristo, nossa esperança’. No limiar do jubileu da esperança, Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre, e ‘nesse místico ‘hoje’, a prolongar-se até o fim do mundo, Cristo é a plenitude da salvação para todos, sobretudo para aqueles cuja única esperança é Deus’. Por isso podemos afirmar a presença viva e próxima de Cristo em nossas vidas como Missionário da esperança. ‘Desse modo, tornou-se o divino Missionário da esperança, modelo supremo de todos aqueles que, ao longo dos séculos, dão seguimento à missão recebida de Deus, mesmo entre provações extremas’. E essa presença é visível na ação missionária da Igreja, na evangelização, na igreja em saída: ‘O Senhor Jesus continua o seu ministério de esperança em favor da humanidade por meio dos seus discípulos, enviados a todos os povos e acompanhados misticamente por Ele. Inclina-se sobre cada pobre, aflito, desesperado e oprimido pelo mal, a derramar ‘sobre as suas feridas o óleo da consolação e o vinho da esperança’”.
Papa Francisco ao finalizar o primeiro aspecto nos motiva a ser discípulos missionários: “Sigamos assim inspirados a seguir os passos do Senhor Jesus, a nos pôr a caminho, para sermos, com Ele e n’Ele, sinais e mensageiros de esperança para todos, em qualquer lugar e circunstância que Deus nos concede viver. Que cada um dos batizados, discípulos-missionários de Cristo, faça brilhar a Sua esperança em todos os cantos da terra!”
A segunda recordação trazida na mensagem do Papa assinala a missão dos cristãos: “‘Cristãos, portadores e construtores de esperança entre todos os povos’”. A missão dos discípulos consiste no anúncio da Boa Nova e na transformação das realidades, fazendo ecoar a esperança em ambientes muitas vezes marcados por sinais de desesperança. “Seguindo a Cristo Senhor, os cristãos são chamados a transmitir a Boa Nova, partilhando as situações concretas da vida com aqueles que encontram, tornando-se portadores e construtores de esperança”.
As comunidades paroquiais são motivadas a serem portadoras e construtoras de esperança na vida comunitária, na oração, nas pastorais, movimentos e serviços, e atuação da caridade nas periferias existenciais da solidão, da desigualdade social, da violência, da infância, dos idosos, das situações de vulnerabilidade, dos enfermos, dos pobres, a exemplo da parábola do Bom Samaritano, indo de encontro ao próximo. ‘Impelidas por tão grande esperança, as comunidades cristãs podem ser sinais de uma nova humanidade em um mundo que, nas regiões mais ‘desenvolvidas’, apresenta graves sintomas de crise humana: um sentimento generalizado de desorientação, solidão e abandono dos idosos; dificuldade em estar disponível para ajudar a quem está ao redor. Nas nações tecnologicamente mais avançadas, a proximidade está diminuindo: estamos interligados, mas não em relacionamento. A eficiência e o apego às coisas e ambições nos tornam egocêntricos e incapazes de altruísmo. O Evangelho, vivido em comunidade, pode nos devolver a humanidade íntegra, saudável e redimida’”.
O terceiro e último aspecto: “‘Renovar a missão da esperança’” nos lança na convocação da natureza missionária da Igreja, e vai de encontro a vocação missionária e ao compromisso batismal de assumirmos o testemunho de discípulos missionários. ‘Os discípulos de Cristo são convocados, antes de tudo, a formar-se ‘artesãos’ de esperança e restauradores de uma humanidade frequentemente distraída e infeliz. Para isso, precisamos renovar em nós a espiritualidade pascal vivida a cada celebração eucarística, especialmente no Tríduo Pascal, centro e ápice do ano litúrgico. Fomos batizados na morte e ressurreição redentora de Cristo, na Páscoa do Senhor, que marca a eterna primavera da história’”.
Os três aspectos apresentados na mensagem do Papa nos impulsionam a fortalecer a espiritualidade missionária. “Renovemos, portanto, a missão da esperança a partir da oração, especialmente aquela feita com a Palavra de Deus e, em particular, com os Salmos, que são uma grande sinfonia de oração cujo compositor é o Espírito Santo (cf. Catequese, 19 de junho de 2024). Os Salmos ensinam a esperar na adversidade, a distinguir os sinais de esperança e a ter o constante desejo ‘missionário’ de que Deus seja louvado por todos os povos (cf. Sal 41, 12; 67, 4). Ao rezar, mantemos viva a chama da esperança, acesa por Deus em nós, para torná-la um grande fogo a iluminar e aquecer todos ao nosso redor, com ações e gestos concretos inspirados por essa mesma oração”.
A sinodalidade nos convoca a caminharmos juntos, em diálogo, na escuta atenta do Espírito Santo, e isso nos leva a viver uma sinodalidade missionária. “A Evangelização é sempre um processo comunitário, assim como é a própria esperança cristã (cf. Spe Salvi, 14). E esse processo não termina com o primeiro anúncio e com o batismo, mas continua com a construção de comunidades cristãs por meio do acompanhamento de cada batizado no caminho do Evangelho. Na sociedade moderna, a pertença à Igreja nunca é uma realidade adquirida de uma vez por todas. Por isso, a ação missionária de transmitir e formar a maturidade da fé em Cristo é ‘o paradigma de toda a obra da Igreja’ (Evangelii Gaudium, 15), uma obra que exige comunhão de oração e ação. Por isso, insisto na importância dessa sinodalidade missionária da Igreja, como também sobre o serviço das Pontifícias Obras Missionárias em promover a responsabilidade missionária dos batizados, e em apoiar as novas Igrejas particulares. E exorto todos – crianças, jovens, adultos, idosos – a participar ativamente na missão evangelizadora em comum ao testemunho de vida e oração, com os seus sacrifícios e sua generosidade”.