O Seminário dos Leigos que se torna casa de todos

Durante a década de 1970 florescia na Igreja nova forma de viver a comunhão e a prática da fé a partir das diretivas conciliares. Assim, as exigências pastorais do mundo em progresso começaram a ser contempladas agregando o laicato, que se preparava espiritual e doutrinariamente para seu apostolado na sociedade. Na Arquidiocese de Ribeirão Preto, a Casa Dom Luís cumpria o seu papel formativo e, à medida que os movimentos e as pastorais a usavam, crescia a presença eclesial nos meios que anteriormente não se conseguia chegar.
Nesse sentido, o Serviço Arquidiocesano de Pastoral Familiar organizou para os dias 23 e 24 de novembro de 1974 um encontro de casais voltado para trabalhadores rurais e operários, que por conta das excessivas atividades laborais não tinham condições de participar de outros retiros e eventos. A espiritualidade familiar foi desenvolvida na Casa Dom Luís nesse período, visto que o mencionado Serviço delimitava as datas dos encontros que ocorreriam ao longo do ano e procurava atender casais de todos os estratos sociais. Semelhantemente, a Sociedade São Vicente de Paulo se preocupou com a formação de seus membros e lá realizou seu “Retiro dos Leigos” diversas vezes, dirigido pelo Côn. Arnaldo Álvaro Padovani.

O Movimento de Cursilhos de Cristandade – difusor do catolicismo entre homens e mulheres, sobretudo casados – continuou sendo o maior usuário da Casa. Havia cerca de 21 cursilhos por ano, sempre assistidos por clérigos, a exemplo do Pe. André Agazzi, SSS, sacerdote sacramentino que era assessor do ramo feminino dos retiros, e vigário de Cravinhos. O informativo Igreja Hoje (nº 15, 13 de fevereiro de 1975) noticiou o 1º Encontro Provincial de Pastoral de Cursilhos de Cristandade no qual bispos e padres estiveram presentes a fim de integrar os trabalhos do movimento na Arquidiocese de Ribeirão Preto e nas dioceses sufragâneas.

Nesse período, surgiram outros segmentos pastorais de leigos que foram contemplados pelo uso da Casa. A Pastoral Universitária se formava conforme o acesso ao estudo em grau superior aumentava na região e a Igreja assistia os estudantes, bem como os jovens que se reuniam em grupos de oração nas vigararias lá realizavam seus encontros. Ainda, a Casa Dom Luís se fazia necessária por aquele ser um momento em que a formação dos agentes de pastoral deveria ser concreta e dialógica, visto que ecumenismo era um caminho a ser traçado pela Igreja.

As reuniões do clero continuaram sendo realizadas na Casa, como as do Conselho Presbiteral, que lá se juntava com o propósito de deliberar colegiadamente sobre importantes questões arquidiocesanas. Durante o governo de Dom Romeu Alberti, em junho de 1983, foi registrada a personalidade jurídica da “Casa de Retiros Dom Luiz do Amaral Mousinho”, após dez anos ligada à administração da Cúria Metropolitana e, então, galgou certa autonomia em seu funcionamento.

Ao se analisar os demonstrativos contábeis do final do decênio de 1970 e começo de 1980, verifica-se que a Casa Dom Luís conseguia se autossustentar. A receita e as despesas regulavam os valores, assim confirmando o que Dom Miele tinha apregoado na época da inauguração: não havia preocupações de finalidade lucrativa para o seminário dos leigos, apenas pequenas taxas eram cobradas para a manutenção do local e das restritas funcionárias.

De fato, a Casa Dom Luís se tornou referência para a formação do laicato arquidiocesano. Este, em sua multiplicidade de faces e interesses, preparava-se para o trabalho missionário a que a Igreja lhe havia encarregado, que era “instaurar em todas as gentes o reino de Cristo” (Lumen gentium, nº 5).

Bruno Paiva Meni
Arquivo Metropolitano “Dom Manuel da Silveira D’Elboux”

8º Artigo – Série Histórica: Especial 50 anos da Casa Dom Luís
(Desde 14 de agosto de 2021, mensalmente no dia 14 de cada mês, publicamos um artigo histórico por ocasião do jubileu de ouro da Casa Dom Luís)

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