Os leigos em favor da Casa Dom Luís

A primeira fase da construção da Casa Dom Luís, iniciada a partir dos trabalhos da comissão dos congregados marianos sob a orientação de Dom Agnelo Rossi, sustentou-se pelas campanhas do lixo recuperável e do plantio de girassóis, que se difundiram e lograram êxito na arrecadação de fundos. Todavia, com a chegada de Dom Frei Felício César da Cunha Vasconcellos, OFM ao Arcebispado de Ribeirão Preto, problemas emergentes foram prioritários na ação pastoral. Ainda assim, a construção não cessou. Em 1967, uma nova comissão foi nomeada a fim de intensificar as obras e finalizar o primeiro pavilhão.

Os novos membros responsáveis pela construção da Casa pertenciam, majoritariamente, ao Movimento de Cursilhos de Cristandade presente na Arquidiocese. Sob a direção do arcebispo, Robin Antônio Calil presidiu a comissão que contava com Dr. Miguel Couvian, Geraldo Garcia Duarte, José Duarte Ortigoso, Antônio Del Lama e Laerte Valerine. Entre os anos de 1967 e 1968, buscaram incentivar doações e benfeitorias por meio de artigos no Diário de Notícias. Esses textos apresentavam acentuado caráter emocional de modo que os leitores também se sentissem responsáveis pela obra que se edificava.

Assim, levaram a cabo a ideia de que os que colaborassem com a obra eram os amigos de Dom Luís do Amaral Mousinho e enfatizavam o “realismo tranquilo” do prelado que dava nome à Casa. Na seção Nosso Comentário do mencionado jornal, relatou-se que “a Comissão constituída de Leigos, ainda ontem, efetuou importante reunião, objetivando congregar a todos em torno da ideia: é preciso dar forte impulso à construção da Casa Dom Luís para que, em um futuro bastante próximo, esteja em condições de abrigar o Laicato Católico desejoso de aprofundamento no conhecimento de suas dimensões e responsabilidades cristãs” (Diário de Notícias, 15/09/1967).

Dr. Dejalme Gabarra à esquerda ao lado de D. Frei Felício em visita ao Diário de Notícias.

Destaca-se o incentivo dado às reuniões dos comissários e ao pedido por doações feito pelo Côn. Angélico Sândalo Bernardino, à época coordenador de pastoral. Dom Bernardo José Bueno Miele, como arcebispo coadjutor de Dom Frei Felício, também começou a acompanhar os trabalhos em prol da construção. A comissão agregou outros católicos oriundos de movimentos arquidiocesanos, como o casal Dejalme e Ires Gabarra, que escreviam artigos sobre a prática das diligências conciliares, tal como a vida de Dom Mousinho e a necessidade da formação do laicato.

Do mesmo modo, o Côn. Arnaldo Álvaro Padovani expôs, em artigo, os problemas inerentes à condição de falta de dignidade a que muitas pessoas estavam submetidas, bem como a ausência de uma ação verdadeiramente cristã. A Casa Dom Luís era, assim, uma urgente necessidade para a formação do laicato católico.

Os apelos da comissão realizados no Diário de Notícias – aliado à promoção da ideia pelos vigários das matrizes e no seio dos movimentos – de fato geraram positivos contributos para a obra. As tabelas contendo o nome dos doadores e os valores recebidos eram publicados a fim de garantir a lisura da contribuição. É possível notar que algumas empresas se empenharam na doação, assim como famílias de benfeitores e paróquias da região.

Quadro doações (Diário de Notícias, 19.11.1967)

Entretanto, a maior contribuição advinha dos movimentos leigos: Apostolado da Oração, Movimento Familiar Cristão, Liga das Senhoras Católicas e vicentinos. Duas doações mereceram atenção dos membros do comissariado: a dos diretores da Associação Comercial e Industrial (ACI), ligados ao empresariado nacional, que fomentaram a realização da construção; e a feita pelos paroquianos da interiorana cidade de Santa Rosa de Viterbo – SP, representados na pessoa de seu vigário Frei Luiz Sesma do Carmo, OAR. Reafirmou-se, então, a união dos leigos que, embora estivessem em condições socioeconômicas distintas, uniam-se com a mesma finalidade.

Por fim, a construção do primeiro pavilhão da Casa Dom Luís do Amaral Mousinho, que se destinava ao alojamento de pessoal, foi finalizada. Faltava, entretanto, mobiliá-la e galgar fundos para a finalização do segundo pavilhão. Por esse motivo, Dom Frei Felício comunicou oficialmente aos seus diocesanos que as coletas realizadas no 1º Domingo do Advento de 1968 – coleta a qual se destina às obras apostólicas diocesanas – seriam totalmente destinadas para equipar a Casa com o que lhe carecia (Livro Tombo da Arquidiocese de Ribeirão Preto nº 11, p. 53). Assim, ao final de 1968, tornava-se visível e palpável o antigo ideal de formação para os leigos arquidiocesanos.

 

Bruno Paiva Meni
Arquivo Metropolitano “Dom Manuel da Silveira D’Elboux”

 

5º Artigo – Série Histórica: Especial 50 anos da Casa Dom Luís
(A partir de 14 de agosto de 2021, mensalmente no dia 14 de cada mês, publicaremos um artigo histórico por ocasião do jubileu de ouro da Casa Dom Luís)

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