Papa Francisco: um presente para a Igreja

Papa Francisco: um presente para a Igreja

Homilia na Missa de Sufrágio pela alma do Papa Francisco
Catedral Metropolitana de São Sebastião
21 de abril de 2025

Queridos irmãos e queridas irmãs! Estamos aqui reunidos, em comunhão com toda a Igreja, rezando pelo descanso eterno de nosso querido e amado Papa Francisco, que hoje terminou sua peregrinação entre nós.

Nesta Eucaristia agradecemos a Deus o presente que foi o Papa Francisco para a Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.

Em seu pontificado, o Papa Francisco realizou gestos que traduzem e reforçam suas mensagens para a Igreja e a humanidade inteira. Não só com palavras e documentos, ele apontou para uma Igreja em saída, misericordiosa, que cuida da criação, vive o amor na família e promove a fraternidade humana.

Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco nos inspirou com a força dos gestos simples e com a profundidade de seus ensinamentos. Ele nos ensinou que a verdadeira grandeza da Igreja está em sua capacidade de encontro com as feridas da humanidade. Em suas palavras, atitudes e escolhas, fomos conduzidos a um encontro mais autêntico com Cristo, especialmente presente nos pobres, nos migrantes, nos doentes e em todos os que sofrem.

Recordamos com carinho sua presença no Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013, quando exortou: “Não tenham medo de ir e de levar Cristo a todos os ambientes”. Francisco foi, para o nosso tempo, sinal da esperança viva, expressão da ternura do Pai e mensageiro da fraternidade universal (cf. Nota da CNBB).

Estamos marcados por uma Igreja Sinodal, graças às iniciativas do Papa Francisco, que teve lucidez para perceber que “o caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”. E ele testemunhou isso, de forma especial, quando disse na Nota de acompanhamento do Documento final: “Agora o caminho continua nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, guardando o Documento Final que foi votado e aprovado pela Assembleia em todas as suas partes no dia 26 de outubro (2024). Também eu o aprovei e, assinando-o, ordenei a sua publicação, juntando-me ao ‘nós’ da Assembleia que, por meio do Documento Final, se dirige ao Povo santo e fiel de Deus”. Ele não publicou uma Exortação Apostólica Pós-Sinodal, o que normalmente acontece depois de um Sínodo; ele colocou sua assinatura no Documento Final, valorizando o caminho sinodal percorrido. Que o seu exemplo nos inspire neste caminho da Igreja, que implica sempre a autêntica escuta da Palavra de Deus.

O Evangelho de hoje (Mateus 28,8-15) nos mostra que enquanto as mulheres, tendo-se encontrado com Jesus, correm a levar a notícia aos apóstolos (vv. 8-10), os guardas também correm a informar os sumos- sacerdotes sobre o curso dos acontecimentos (vv. 11-15). Entretanto Mateus centra a sua e a nossa atenção no túmulo vazio. Perante essa realidade, podemos tirar duas conclusões: ou Jesus ressuscitou, de verdade, ou os discípulos roubaram o seu corpo. Mas o episódio está organizado de tal modo que não deixa muito espaço a dúvidas. O testemunho das mulheres não dá hipóteses à mentira dos sumos-sacerdotes: “Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão” (v. 10). Só uma fé semelhante à das mulheres torna possível acolher o anúncio da ressurreição.

Ontem, em sua mensagem pascal Urbi et Orbi o Papa Francisco dizia: “Do sepulcro vazio de Jerusalém chega até nós um anúncio sem precedentes: Jesus, o Crucificado, ‘não está aqui; ressuscitou!’ (Lc 24, 6). Não está no túmulo, está vivo!

O amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas. A verdade venceu a mentira. O perdão venceu a vingança. O mal não desapareceu da nossa história e permanecerá até ao fim, mas já não lhe pertence o domínio, não tem qualquer poder sobre quem acolhe a graça deste dia.

A ressurreição de Jesus é o fundamento da esperança: a partir deste acontecimento, ter esperança já não é uma ilusão. Não! Graças a Cristo crucificado e ressuscitado, a esperança não engana! Spes non confundit! (cf. Rm 5, 5). E não se trata de uma esperança evasiva, mas comprometida; não é alienante, mas responsabilizadora.

Quem espera em Deus coloca as suas mãos frágeis na mão grande e forte d’Ele, deixa-se levantar e põe-se a caminho: juntamente com Jesus ressuscitado, torna-se peregrino de esperança, testemunha da vitória do Amor e do poder desarmado da Vida.

Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar num número cada vez maior de países”, disse o Papa ontem.

Voltando ao Evangelho, o encontro com Jesus ressuscitado enche as mulheres de contentamento porque a Sua presença é presença de Deus. Jesus aponta-lhes o caminho da vida e da missão. Aquela experiência não era para ficarem quietas e caladas. Por isso, partem em missão: “Ide anunciar aos meus irmãos que partam para a Galileia. Lá me verão” (v. 10). Também para nós, a alegria da Ressurreição, há de tornar-se compromisso de anúncio, de missão.

Na primeira leitura (Atos dos Apóstolos 2,14.22-32) temos o testemunho de Pedro sobre Jesus: “Vós o matastes, cravando-o na cruz… Mas Deus o ressuscitou” (cf. vv. 3-4). Esta primeira pregação do Apóstolo ecoará ininterruptamente na pregação da Igreja ao longo dos séculos. Pedro e a Igreja existem para anunciar a Morte e a Ressurreição de Jesus. Estes fatos encerram toda a negatividade da história e toda a positividade da vontade de Deus. Cada um de nós é apóstolo na medida em que anuncia esta verdade, e se sente identificado com ela. O ódio, as trevas, a morte, foram vencidas pelo poder de Deus, porque Cristo ressuscitou. Pedro e os outros Apóstolos anunciavam corajosamente a Ressurreição do Senhor. Anunciavam com poder, porque fizeram a experiência do Ressuscitado. Uma coisa é anunciar ao mundo Cristo, conhecido pelo estudo e, portanto, de modo muito abstrato; outra coisa é anunciar Cristo experimentado, vivido. Da experiência do Ressuscitado brota o testemunho eficaz e a ação em favor dos irmãos, o apostolado.

Ontem o Papa terminava sua mensagem dizendo: “Na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre (cf. Sequência Pascal) e infunde em cada um de nós a certeza de que somos igualmente chamados a participar na vida que não tem fim, na qual já não se ouvirá o fragor das armas nem os ecos da morte. Entreguemo-nos a Ele, o único que pode renovar todas as coisas (cf. Ap 21, 5)!”

Que o Senhor Crucificado e Ressuscitado conceda, desde já, ao Papa Francisco esta participação na vida sem fim. Amém!

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Boletim Informativo Igreja-Hoje
Maio – 2025

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