A Pastoral Presbiteral realizou nos dias 22 e 23 de setembro, terça e quarta-feira, das 15h às 16h, o Encontro de Espiritualidade Presbiteral, com transmissão ao vivo pelo Canal do Youtube da Arquidiocese de Ribeirão Preto. Na terça-feira, dia 22, a assessoria foi do padre Antônio Élcio de Souza, reitor do Seminário Maria Imaculada (Arquidiocese de Ribeirão Preto e Diocese de Ituiutaba), e tratou do tema: “Mover-se na direção de Deus: a vida interior espiritual”; e na quarta-feira, dia 23, a reflexão teve a assessoria do padre Paulo César Mazzi, reitor do Seminário da Diocesano São João Maria Vianney, da Diocese de Jaboticabal, com as temáticas: “O tempo em que fomos chamados a viver”; “Abraçar a nossa comum fragilidade” e “Do desencanto para o reencanto”. O Encontro de Espiritualidade Presbiteral teve o seu momento ápice com a Missa Crismal na quinta-feira, 24 de setembro, às 9 horas, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, na Vila Seixas, em Ribeirão Preto, restrita aos Padres (conforme Comunicado do Arcebispo publicado em 27 de agosto).
O Arcebispo Dom Moacir Silva, no convite aos presbíteros, por meio de vídeo mensagem, falou a respeito da importância da participação no momento de espiritualidade on-line. “Um momento forte de espiritualidade presbiteral, será on-line, e assim de sua casa você vai poder acompanhar e poder estar refletindo junto com a gente; e no dia 24, às 9 horas, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, teremos a Missa Crismal, quando vamos renovar as promessas do dia da nossa ordenação. Conto com a sua presença. Conto com a sua participação neste momento de espiritualidade que nossa arquidiocese apresenta para os padres nos dias 22, 23 e 24 de setembro”, disse Dom Moacir.
O Padre Ivonei Adriani Burtia, representante dos presbíteros, comentou a relevância do encontro de espiritualidade nestes tempos de pandemia. “Momentos de Espiritualidade tão importantes para cada um de nós nesse tempo de pandemia e isolamento social. Estamos acompanhando este cenário difícil, alguns irmãos nossos perderam suas vidas, outros estão depressivos, crise do pânico, crise de ansiedade, e por isso, precisamos darmos as mãos nesta fraternidade presbiteral com aqueles que trabalham conosco na mesma forania, os padres da missão na Amazônia, os nossos padres doentes, idosos, aqueles que não estão exercendo o ministério, ter este olhar sobre todos para que possamos crescermos juntos enquanto presbitério de Ribeirão Preto configurados a Jesus Bom Pastor”, expressou padre Ivonei.
Reflexões
Os dois dias de reflexões, transmitidos ao vivo direto do Seminário Maria Imaculada, começaram sempre com a oração conduzida pelos seminaristas da configuração (teologia). No primeiro dia, o padre Antônio Élcio de Souza, refletiu o tema: “Mover-se na direção de Deus: a vida interior espiritual”. Padre Pitico explicou o sentido do tema proposto para a reflexão e a importância da espiritualidade neste período de pandemia. “A vida espiritual é procurar respirar no ritmo do Espírito, é mover-se na direção de Deus, enquanto enveredamos pelo caminho da nossa fé. Levando em conta o momento em que nós vivenciamos de pandemia, um momento que tenho chamado de exceção, não é o comum da nossa vida de comunidade, da nossa vida cristã, mas é uma exceção, e mesmo com o início das celebrações presenciais com o povo, ainda estamos aprendendo a ressignificar este momento, ainda estamos aprendendo a retirar deste momento aquelas lições que vão nos ajudar a seguir adiante”, explicou padre Pitico.
A reflexão trazida pelo Padre Pitico partiu do chamado de Deus a cada um dos padres, e a relação estreita com a missão e o chamado de Jesus. “A nossa vida espiritual é deixar o nosso coração nas mãos de Deus, ter água corrente, viva, dinâmica, e quando nós tratamos da nossa vida espiritual, nós tratamos do nosso chamado, do olhar de Jesus sobre cada um de nós, por isso escolhi este texto da eleição dos doze para nos acompanhar nesta tarde, esse olhar de Jesus para nós. Quando tivemos a oportunidade de refletir na Campanha da Fraternidade deste ano: ‘Viu, sentiu compaixão e cuidou dele’ (Lc 10, 33-34), na primeira parte do texto-base temos os diversos olhares para nossa sociedade, ali recorda também o olhar de Jesus. Nós somos os ministros do Senhor, é oportuno também para nós mesmos, percebermos como estamos olhando para os outros, a nossa comunidade, os nossos irmãos presbíteros, a nossa família, o nosso bispo, a nossa Igreja, para toda esta situação vivida neste tempo de pandemia”, destacou o assessor.
O segundo dia, 23, contou com a assessoria do padre Paulo César Mazzi, que discorreu sobre os seguintes pontos: “O tempo em que fomos chamados a viver”, “Abraçar a nossa comum fragilidade” e “Do desencanto para o reencanto”. Padre Mazzi ao iniciar a reflexão abordou a questão a respeito de como estamos interpretando o tempo atual e fez referência a apontamentos do livro ‘O respiro da vida’ de autoria do Padre Amedeo Cencini. No primeiro tópico: “O tempo em que fomos chamados a viver”, o assessor assinalou a importância da nossa responsabilidade diante do tempo em que vivemos e a relevância de interpretarmos cada acontecimento dentro da história da vida, e citou um fragmento do Padre Cencini: “Nenhuma fase da vida pode ser considerada neutra ou isenta de problemas particulares; como também não existe uma estação que presuma ser melhor e mais oportuna. O tempo que a cada um é dado viver nunca deve ser posto entre parênteses pelo desejo do futuro ou pela nostalgia do passado; nenhum tempo, portanto, deve ser subtraído aos próprios ritmos, nenhum tempo deve ser forçado a ser outro tempo”.
Ao abordar o segundo tópico: “Abraçar a nossa comum fragilidade”, o assessor inspirou-se em publicações do Cardeal José Tolentino de Mendonça, especificamente o texto: “Que rosto da Igreja após a pandemia?”, e discorreu sobre o sentido de como enfrentamos e superamos as nossas fragilidades, e citou um trecho do texto do Cardeal Tolentino: “Esta hora, em que parece que as igrejas só podem existir pela metade, com pouca gente, tantas limitações, tanto sofrimento, em que à pergunta sobre o que vai acontecer, qual será o futuro da Igreja, das comunidades, respondemos que a comunidade tem a origem quando fica junta na fragilidade. No princípio é a comunidade, mas uma comunidade capaz de abraçar a sua própria vulnerabilidade”.
No terceiro e último tópico: “Do desencanto para o reencanto” o assessor tratou de um tema pertinente no tempo atual que é o desencanto, acentuado ainda mais neste cenário de pandemia, e a missão de encontrarmos caminhos para provocar o reencanto na humanidade: “Existe no ar um certo desencanto pela vida, um desencanto pelos valores, pelos ideais, pelos sonhos. Esse desencanto está presente até mesmo nas pessoas que acreditam ter uma vocação, uma missão, a missão de provocar no ser humano o encanto pela vida, o encanto por Deus e por Seu projeto em favor da humanidade”, destacou padre Paulo.
Para padre Paulo a missão de provocar o reencanto encontra referência nas palavras e exemplos trazidos por Jesus Cristo no relato das parábolas: “Jesus, o Filho, sempre foi uma pessoa encantada pelo Pai, encantada pela vida que o Pai deseja para todo ser humano. Seu encanto aparece nessas palavras: um homem ‘encontra um tesouro escondido no campo… Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo’ (Mt 13,44). Um outro homem ‘encontra uma pérola de grande valor… Ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola’ (Mt 13,46)”, exemplificou o assessor.
Antes, de concluir a reflexão, padre Paulo direcionou algumas perguntas a serem meditadas: “Eu estou encantado pela minha vida, pela minha existência, pela minha vocação? Eu sinto alegria quando me envolvo com a causa do Reino de Deus, ou a única coisa que me dá um pouco de alegria é me envolver com coisas do mundo? Eu me sinto atraído para a oração, para estar na presença de Deus, ou, pelo contrário, sinto cada vez mais repulsa em relação à vida espiritual?”
Retiro 2021: Foi comunicado pelo Padre Ivonei Burtia, representante dos Presbíteros que o Retiro Anual dos Presbíteros está agendado para os dias 19 a 23 de julho de 2021, no Seminário Santo Antônio, em São Pedro (SP), e o pregador será Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo emérito da Arquidiocese de Mariana (MG).
Pastoral Presbiteral