Por que batizar crianças?

A obra “Lições do Papa Francisco – Inspirações para uma vida melhor” de 2019, o Papa Francisco aborda pedagogicamente, entre os demais, o primeiro Sacramento da Iniciação Cristã, o Batismo. Já no início de sua abordagem, o Pontífice responde à pergunta: “Por que batizar uma criança que não entende? Esperemos que cresça, e que ela mesma peça o batismo.

Agir assim significa não ter confiança no Espírito Santo, porque quando nós batizamos uma criança, entra naquela criança o Espírito Santo e Ele faz crescer nela as virtudes cristãs que depois florescerão.

Sempre se deve dar essa oportunidade a todos, a todas as crianças, de ter dentro de si o Espírito Santo que as guia durante toda a vida”.

Dom Antônio Emídio Vilar, Bispo Diocesano de São José do Rio Preto, dizia numa entrevista à Rede Vida no dia 25 de maio passado, que os pais, quando preferem deixar de batizar os filhos pequeninos, a fim de que eles mesmos decidam se desejam ou não este sacramento já no pleno uso da razão, na adolescência, juventude ou até na vida adulta, deveriam refletir melhor. E afirmava o Prelado, que para esses pais ele sugere que também esperem os filhos crescerem, para que decidam se querem ou não se alimentar. É claro que não sobreviveriam. O Batismo, segundo Dom Vilar, é o ingresso na vida de Cristo, que é a cabeça da Igreja da qual os batizados são os membros. É o ingresso na grande Família de Deus, que é nosso Pai comum, fazendo-nos irmãos e irmãs uns dos outros.

Já o Papa Francisco, sobre batizados levanta a questão: “O que significa revestir-se de Cristo? São Paulo recorda quais são as virtudes que os batizados devem cultivar: ‘escolhidos por Deus, santos e amados, devem revestir-se de sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, de mansidão, de magnanimidade, suportando reciprocamente e perdoando uns aos outros, mas, sobretudo, devem revestir-se da caridade que os une de modo perfeito’”.
Enquanto eu chamo o batismo de segundo parto, nascimento do útero da Igreja, a Pia ou Bacia Batismal, o Papa Francisco o chama de “Segundo Aniversário. Aquele de vocês que não se lembra da data do batismo, pergunte à sua mãe, aos seus tios, aos primos: ‘Você sabe qual é a data do meu batismo?’ E não se esqueça jamais.

E agradeça ao Senhor, porque é o dia em que Jesus entrou em você, o Espírito Santo passou a habitar em você. Entenderam bem o dever de casa? Todos nós devemos saber a data do nosso batismo. É outro aniversário: é o aniversário do renascimento”.

Por isso a vida dos cristãos é constituída de três partos: no primeiro parto nascemos do útero materno, proporcionando alegria a todos os familiares; no segundo parto, nascemos do útero da Igreja por meio do sacramento do Batismo, mergulhados na Pia ou Bacia Batismal e, finalmente, no terceiro parto, partimos do útero da vida terrena à vida eterna. E quando esse parto acontecer, nosso nome ecoará na eternidade: nenhum segundo adiantado e muito menos atrasado. Será o grande encontro visível com Deus. Veremos Deus como Deus é, e isso nos bastará. É sobre essa esperança que se debruça nossa fé, recebida como dom gratuito no dia de nosso batismo.

 

Pe. Gilberto Kasper
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Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.

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