Romaria arquidiocesana leva mais de 3 mil fiéis ao Santuário Nacional de Aparecida
Com a inspiração no tema: “Com Maria, Mãe da Esperança, construir uma Igreja Sinodal!”, no Ano Santo Jubilar, em 20 de setembro, ao menos 3 mil romeiros da Arquidiocese de Ribeirão Preto, se dirigiram ao Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP), para a “9ª Romaria Arquidiocesana ao Santuário Nacional de Aparecida”, com a missa presidida pelo arcebispo dom Moacir Silva, às 12h, no Altar da Catedral Basílica de Nossa Senhora Aparecida, na liturgia da 25ª Semana do Tempo Comum, missa televisionada pela TV Aparecida e redes sociais do Santuário, com a participação de padres, diáconos, seminaristas, romeiros, e que contou com a presença do Coral da Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e região (ADEVIRP). Os comentários e a acolhida foram conduzidos pelo missionário redentorista Padre Alberto Pasquoto, C.Ss.R.

Homilia
O arcebispo dom Moacir Silva, na introdução da homilia, saudou os romeiros e romeiras participantes da 9ª Romaria Arquidiocesana e reforçou a importância de trazermos a sinodalidade na temática da romaria. “Queridos irmãos e queridas irmãs no santo Batismo. Queridos irmãos e queridas irmãs na vida consagrada. Queridos irmãos no ministério ordenado! Queridos e queridas irmãs que rezam conosco pela TV, rádio, internet e mídias sociais. Queridos fiéis da Arquidiocese de Ribeirão Preto. Estamos na 9ª Romaria Arquidiocesana na casa da Mãe Aparecida. ‘Com Maria Mãe da esperança, construir uma Igreja Sinodal’; conscientes de que ‘o caminho sinodal é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio’ (Papa Francisco, discurso na comemoração dos 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos – 17/10/15. A Sinodalidade implica a escuta da Palavra de Deus; e a liturgia deste Domingo nos convida a uma reflexão sobre o lugar que o dinheiro e os outros bens materiais devem assumir na nossa vida. De acordo com a Palavra de Deus que acabamos de ouvir os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do ‘Reino’, destacou o arcebispo.

Deus não pactua com quem explora as necessidades dos outros
Ao meditar o texto da primeira leitura (Amós 8,4-7), o arcebispo comentou a advertência trazida pelo profeta a respeito da exploração, da ganância, e da injustiça e opressão, derivadas das práticas comerciais. “Na primeira leitura, o profeta Amós denuncia os comerciantes sem escrúpulos, preocupados em ampliar sempre mais as suas riquezas, que apenas pensam em explorar a miséria e o sofrimento dos pobres. Amós avisa: Deus não está do lado de quem, por causa da obsessão do lucro, escraviza os irmãos. Os esquemas de exploração descritos por Amós não são uma infeliz recordação de um passado que não volta; pelo contrário, trata-se de uma realidade que os pobres dos nossos dias conhecem bem. A única coisa que é diferente é a sofisticação das técnicas utilizadas pelos obsessivos do lucro. De resto, especula-se com bens de primeira necessidade, que as multinacionais vendem a preços exorbitantes (basta pensar naquilo que se passa em relação a certos medicamentos, indispensáveis para combater certas doenças e que são vendidos a peso de ouro aos países pobres); basta pensar na publicidade, que gera necessidades nos pobres, que lhes promete paraísos ilusórios, que os leva a endividarem-se até porem em causa o seu futuro; basta pensar nos produtos adulterados, impróprios, que são introduzidos pelos especuladores na cadeia alimentar e que põem em causa a saúde pública e a vida das pessoas. Amós garante: Deus não esquece este quadro e não pactua com quem explora as necessidades dos outros, a miséria, o sofrimento, a ignorância. Na realidade, o nosso Deus não suporta a injustiça e a opressão. Ele não está do lado dos opressores, mas dos oprimidos; e qualquer crime contra o irmão é um crime contra Deus”, comentou dom Moacir.
Ao comentar a leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-13), o arcebispo destacou a mensagem de Jesus dirigida aos discípulos a respeito da utilização dos bens deste mundo. “O Evangelho apresenta a parábola do administrador astuto. Nela, Jesus oferece aos discípulos o exemplo de um homem que percebeu como os bens deste mundo eram caducos e precários e que os usou para assegurar valores mais duradouros e consistentes. Jesus avisa os seus discípulos para fazerem o mesmo. A mensagem essencial aqui apresentada gira, portanto, em torno da sábia utilização dos bens deste mundo: eles devem servir para garantir outros bens, mais duradouros. O mundo em que vivemos decidiu que o dinheiro é o deus fundamental e que tudo deixa de ter importância, desde que se possam acrescentar mais uns números à conta bancária. Para ganhar mais dinheiro, há quem trabalhe doze ou quinze horas por dia, num ritmo de escravo, e prescinda da família e dos amigos; por dinheiro, há quem sacrifique a sua dignidade e apareça expondo, diante de uma câmera de televisão, a sua privacidade; por dinheiro, há quem venda a sua consciência e renuncie a princípios em que acredita; por dinheiro, há quem não tenha escrúpulos em sacrificar a vida dos seus irmãos e venda drogas e armas que matam”, frisou o arcebispo.
O que é, para nós, mais importante: os valores do ‘Reino’ ou o dinheiro?
E o arcebispo acrescentou: “Jesus avisa os discípulos, de ontem e de hoje, de que a aposta obsessiva no ‘deus dinheiro’ não é o caminho mais seguro para construir valores duradouros, geradores de vida plena e de felicidade. É preciso – sugere Ele – que saibamos aquilo em que devemos apostar. O que é, para nós, mais importante: os valores do ‘Reino’ ou o dinheiro? Na nossa atividade profissional, o que é que nos move: o dinheiro, ou o serviço que prestamos e a ajuda que damos aos nossos irmãos? O que é que nos torna mais livres, mais humanos e mais felizes: a escravidão dos bens ou o amor e a partilha?”
E ao concluir a reflexão do Evangelho, dom Moacir disse: “Todo este discurso não significa que o dinheiro seja uma coisa desprezível e imoral, do qual devamos fugir a todo o custo. O dinheiro (é preciso ter os pés no chão) é algo imprescindível para vivermos neste mundo e para termos uma vida com qualidade e dignidade. No entanto, Jesus recomenda que o dinheiro não se torne uma obsessão, uma escravidão, pois Ele não nos assegura (e muitas vezes até perturba) a conquista dos valores duradouros e da vida plena”.

A oração tem de ser a expressão da comunhão e da solidariedade
Ao refletir a segunda leitura (1Tm 2,1-8), dom Moacir falou da proximidade e do sair de si mesmo em direção ao outro. “Na segunda leitura São Paulo convida a não ficar fechado em si próprio; e convida também a preocupar-se com as dores e esperanças de todos os irmãos, situa-nos no mesmo campo: o discípulo é convidado a sair do seu egoísmo para assumir os valores duradouros do amor, da partilha, da fraternidade. São Paulo deixa claro que a oração não pode ser a expressão de uma vida vivida em ‘circuito fechado’, em que o fiel apresenta a Deus, exclusivamente, os seus problemas, as suas questões, os seus desejos, os seus pedidos, e em que, eventualmente, lembra a Deus aqueles que lhe são próximos; mas a oração tem de ser a expressão da comunhão e da solidariedade do fiel com todos os irmãos espalhados pelo mundo inteiro – conhecidos e desconhecidos, amigos e inimigos, bons e maus, negros e brancos… Todo fiel, no seu diálogo com Deus, tem de deixar transparecer a ilimitada capacidade de amar e de ser solidário com todos os homens. É assim a nossa oração? A oração só faz sentido se for a expressão de uma vida de comunhão – comunhão com Deus e comunhão com os irmãos. Portanto, não é possível rezar e, ao mesmo tempo, cultivar sentimentos de ódio, de intolerância, de racismo, de divisão. Como me situo diante disso? Por fim, peçamos ao Senhor a graça de vivermos as lições desta liturgia, hoje e sempre. Amém!”, finalizou o arcebispo.
Agradecimentos
Antes dos ritos finais, o padre Luís Gustavo Tenan Benzi, coordenador arquidiocesano de pastoral, fez os agradecimentos: “A primeira palavra é de gratidão a Deus pela realização desta nona Romaria Arquidiocesana ao Santuário de Aparecida. Nossa gratidão ao Santuário pela esplêndida acolhida que faz com cada um dos nossos fiéis. Também queremos colocar, nesta bênção final, no coração de Deus, pelas mãos de Maria, a Mãe Aparecida, os mais de 3 mil fiéis da nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto, que estão aqui celebrando conosco ao redor deste altar. Colocar o nosso presbitério, os padres, especialmente aqueles que estão enfermos, fora da diocese por estudos ou missão, colocar também os diáconos, as famílias, todos aqueles que estão se dedicando para a construção de uma igreja mais sinodal. Pedimos que Deus abençoe de forma bastante particular os nossos seminaristas, aqueles que aqui estão, também aqueles que estão em missão em Manaus, juntamente com o reitor do Seminário Propedêutico, os vocacionados que estão fazendo o caminho vocacional e também um incontável número de fiéis leigos e leigas que todos os dias no trabalho de suas comunidades se empenham para que a Arquidiocese de Ribeirão Preto seja cada vez mais o resplendor do Cristo ressuscitado onde nós nos fazemos presentes. Que esta bênção de nosso arcebispo Dom Moacir chegue ao coração de todos aqueles que de suas casas em nossa Arquidiocese acompanham e celebram conosco também este momento de fé e devoção”, finalizou o coordenador de pastoral.
X Romaria Arquidiocesana 2026: A 10ª Romaria Arquidiocesana está agendada para o dia 19 de setembro de 2026, com a missa no altar central do Santuário às 12h.
Texto e Fotos: Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de Ribeirão Preto





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