Com o tema: “O ensinamento social da Igreja e a Educação”, a Pastoral da Educação da Arquidiocese de Ribeirão Preto, realizou em 22 de outubro, às 20h, o “Simpósio da Pastoral da Educação” no formato de videoconferência por intermédio do canal do Youtube da Arquidiocese. O evento teve o objetivo de formação, reflexão e oração, e contou com a participação de educadores católicos, padres, diáconos, agentes de pastoral e interessados que interagiram através de perguntas e comentários no chat, além da presença do arcebispo Dom Moacir Silva, da assessora Mirian Berardo, e do padre Juliano Gomes, assessor eclesiástico da Pastoral da Educação.
Espiritualidade das Bem-aventuranças
O simpósio começou com a acolhida e a oração presidida pelo arcebispo Dom Moacir Silva tendo como ponto central a reflexão do Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). “Ao tratar do ensinamento social da Igreja e a educação neste simpósio creio que as bem-aventuranças, a carta magna do Reino de Deus, é uma grande iluminação. São Mateus depois de dizer quem é Jesus, no capítulo 1 do seu Evangelho, e de definir qual a sua missão, ele vai apresentar a concretização dessa missão: com palavras e gestos Jesus propõe aos discípulos e as multidões o Reino. Neste enquadramento, Mateus propõe-nos hoje, um discurso de Jesus sobre o Reino e a sua lógica. As bem-aventuranças são fórmulas relativamente frequentes na tradição bíblica e judaica, aparecem quer nos anúncios proféticos de alegria futura, quer nas ações de graça pela alegre presença, quer nas exortações a uma vida sábia, refletida e prudente. Contudo, elas definem sempre uma alegria oferecida por Deus (…) No seu conjunto, as bem-aventuranças deixam uma mensagem de esperança e de alento para os pobres e fracos. Anunciam que Deus os ama e que está ao lado deles; confirmam que a libertação está chegando e que a sua situação vai mudar; asseguram que eles vivem já na dinâmica desse ‘Reino’ onde vão encontrar a felicidade e a vida plena”, explicou Dom Moacir.
Abertura
Na sequência, o integrante da Pastoral da Educação, professor Carlos Alexandre do Nascimento, saudou os participantes e fez referência ao objetivo da Pastoral contido na publicação Estudos da CNBB, número 110: “Pastoral da Educação: Estudo para diretrizes nacionais”: “o objetivo da Pastoral da Educação é promover, articular e organizar ações evangelizadoras no mundo da educação com a finalidade de ser sinal do Reino de Deus e de ajudar a construir um ser humano fraterno, livre, justo, consciente, comprometido e ético”. Na continuidade, Carlos motivou os educadores e educadoras a participarem desta nova etapa da Pastoral da Educação e convidou os mesmos a conhecerem e integrarem a equipe.
Tema : O tema central do simpósio: “O ensinamento social da Igreja e a Educação” contou com a assessoria de Mirian Nílvea Cantoni Berardo, uma das fundadoras da Pastoral da Educação na Diocese de Franca, e que também colaborou no processo de implantação da mesma pastoral na Arquidiocese de Ribeirão Preto. No início da reflexão a assessora contextualizou a necessidade de compreendermos a realidade atual à luz dos princípios da doutrina social da Igreja. “Estamos aqui nesta noite para refletir sobre a Doutrina Social da Igreja, sobre educação, sobre o trabalho da Pastoral da Educação, então estruturamos a nossa reflexão partindo primeiro de uma análise do contexto em que estamos vivendo, e antes eu quero relembrar o papa São João Paulo II na Carta Encíclica Centesimus Annus, publicada em 1981, que nos recomenda olhar para trás e redescobrir a riqueza dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja, e também não deixarmos de olhar para frente por causa da esperança, mas devemos ter consciência da importância do aqui e agora”, frisou Mirian.
De acordo com Miriam estamos inseridos num contexto marcado fortemente pela interferência do ambiente digital, e isso traz uma série de consequências como a perda do controle de nossas vidas que passam a ser conduzidas pelas plataformas e aplicativos do mundo virtual. A imersão no mundo digital pode favorecer o distanciamento entre as pessoas, uma cultura da indiferença, a apatia, a falta de limites, ou seja, uma cultura excludente. A assessora ainda citou a Encíclica Social Fratelli Tutti, publicada pelo Papa Francisco, em 04 de outubro, como uma referência para analisarmos o cenário atual. “O Papa faz uma análise profunda desta realidade virtual, do desrespeito pelo mundo como um lugar a ser explorado, uma espoliação dos recursos naturais, a descartabilidade da pessoa humana”, expressou Miriam.
No campo da educação a assessora salientou a crise que atinge as diversas instituições como a família, a escola, a Igreja, que recebem questionamentos e contestações, principalmente no âmbito da identidade e dos valores, e tudo isso gera uma inquietação, uma falta de direção, princípios e parâmetros. Nesse aspecto temos a Doutrina Social da Igreja como uma base com princípios fundamentais para auxiliar e orientar a conduta cristã no campo da sociedade. “Na Encíclica Fratelli Tutti o papa nos traz todos os princípios da doutrina social para que possamos analisar, julgar, examinar esse contexto que estamos vivendo. E os princípios são: o respeito a vida, a dignidade da pessoa humana, o respeito aos direitos humanos, o bem comum, a destinação universal dos bens, a subsidiariedade, a primazia do trabalho sobre o capital, a solidariedade e a participação”, disse Miriam.
A educação no limiar da Doutrina Social da Igreja concebe uma perspectiva a ser vivida num processo formativo marcado pela humanização e o cultivo dos valores. “Qual seria o objetivo desta educação? A formação de cidadãos. A formação de pessoas humanas: cidadão, pessoa, livre, responsável, autônoma, solidária, amorosos, sensíveis. Diz o papa São João Paulo II em uma de suas encíclicas: ‘homem torna-te aquilo o que é da sua essência: pessoa humana’”, descreveu a assessora.
A assessora também apresentou brevemente a experiência do trabalho da Pastoral da Educação da Diocese de Franca, e expôs alguns apontamentos a respeito do processo educacional: “Educar é levar o educando a adquirir capacidade de autonomia, a capacidade de sentir, pensar sobre aquilo que sente, refletir, e depois discernir aquilo que sentiu, para poder agir, e no momento de agir, usar esses valores éticos no momento de refletir, no momento de decidir, e ter discernimento e sabedoria (…) Aprender a cuidar com compaixão, com corresponsabilidade da vida, da ecologia, dos excluídos, dos marginalizados, dos pequenos, dos pobres, porque o cuidado é o suporte real da criatividade, da liberdade, da Inteligência”, concluiu Miriam.
Pastoral da Educação na Arquidiocese
O assessor eclesiástico da Pastoral da Educação na Arquidiocese de Ribeirão Preto, padre Juliano Gomes, trouxe um retrospecto histórico da caminhada da pastoral, dando ênfase aos trabalhos e projetos que estão sendo executados e outros que ainda estão sendo organizados. O lema da Pastoral da Educação na Arquidiocese é: “Semear para transformar o mundo”, e engloba a missão e o serviço no campo da educação. O ponto de partida da gestação da pastoral começou em Serrana, no final de 2015, em seguida, após o aval do arcebispo, a primeira etapa, em 2016 (aproximação); a segunda etapa, em 2017, com o auxílio da equipe Pastoral da Educação da Diocese de Franca, para um período de amadurecimento e estudo; chegando em 2018 com a implantação da equipe; e na continuidade, em 2019, a ampliação do trabalho; e em 2020, a presença em 28 escolas em Ribeirão Preto e Serrana.